Depois de uma noitada das buenas (onde saia "gente pelo ladrão" do CTG Rodeio Serrano, no jantar / baile em que o Porca Véia tocou seu ÚLTIMO BAILE em São Francisco de Paula, terra onde morou por longos anos), estaremos reunidos para a triagem do 22º Ronco do Bugio. Vou preparar meu mate e me dirigir para o local da reunião. Assim que tiver notícias do resultado, postaremos em nosso blog.
Falando em mate, você conhece a origem desta bebida que é o símbolo da hospitalidade do povo gaúcho? Pois bueno. A história é assim:
A ORIGEM DO CHIMARRÃO
Quando o tempo desenha com
sua pena o ano de 1554, o General Irala, chegou a região de Guairá, situada a
oeste do atual território do Paraná e encontrou lá uma tribo de guaranis
pacíficos e hospitaleiros. Um dos hábitos destes indígenas lhe despertou muita
curiosidade. Tratava-se do uso generalizado de uma bebida feita de folhas
picotadas, tomadas dentro de um porongo, por intermédio de um canudo de
taquara. Ao indagar sobre a origem daquela bebida, respondeu os índios
tratar-se da "caá-i", um hábito que teria sido inicialmente de uso
exclusivo dos pajés em suas práticas de magia, mas que foi estendido aos outros
guerreiros, em virtude de seus diversos benefícios.
E, mesmo depois do
término das guerras, o seu uso continuou, pois seus efeitos estimulantes
fortaleciam tanto o corpo quanto a alma.
"Caá" era o nome
da ervateira e a "caá-i" era bebida do mate. Esta bebida nativa foi
um estrondoso sucesso entre os soldados de Irala. E, quando retornaram a
Assunção, levaram um carregamento da erva para apresentá-la aos amigos.
Esta bebida impressionou
tanto os espanhóis por sua natureza curativa e revitalizante, que despertou o
interesse dos comerciantes de Assunção que visavam antes de tudo, o lucro
financeiro. Foi uma correria doida até os ervais e em pouco tempo, a cidade
duplicou de tamanho e sua população de riqueza. Entretanto, tal consumo foi
condenado pela Igreja Católica, em plena Inquisição, em função dos índios lhe
atribuírem poderes mágicos que apontavam sua origem à deuses pagãos. Mas tal proibição,
acompanhada de multas, prisão e queima da erva, não impediu que o hábito se
disseminasse.
O MATE NO RIO GRANDE DO
SUL
Se os soldados de Irala
estivessem se dirigido para o atual Rio Grande do Sul e não para Guairá, aqui,
teria ocorrido a descoberta do uso do mate pelos europeus.
Um expressivo número de
tribos guarani viva ao longo dos Rios Ijuí, Jacuí e Camaquã. Para colheita da
erva mate, eram empreendidas expedições à serraria vizinha da Lagoa dos Patos,
no vale do Rio Pardo e nos descampados do Planalto.
Acredita-se que os
carijós, no litoral, assim como os guenoas da Campanha, também fossem
apreciadores de um gostoso mate, mas inexistindo nestas redondezas, bosques de
"caá", este hábito somente poderia ser mantido por intercâmbio com os
guaranis.
"Sem esta erva",
testemunhou o PE Nusdorffer, no século XVII, "o índio não pode
viver".
Enquanto os índios do
Guairá empreendiam suas viagens aos ervais subindo o Paraná em grandes
embarcações, os ervateiros das Missões rio-grandenses iam montados a cavalo,
levando uma boa provisão da erva, além de quinhentas a mil reses, para seu
sustento naquela viagem de cento e tantas léguas. E, depois de cumprida as
tarefas retornavam eles, acompanhados por toda a população, procuravam a Igreja
para agradecer o sucesso do empreendimento.
Os ervais missioneiros
faziam parte do Tupambaé, um campo comum, cujos produtos adviriam em proveito
da coletividade.
"Cada dia, depois de
ouvirem a missa e igualmente depois do rosário que se reza pela tarde, os que
acudiram ao templo vão receber o mate, uma onça e meia pelo menos para cada
pessoa, o qual lhe dá o mordomo em presença da cura e do corregedor. Aos que
estão ocupados em serviço público, seja em ofícios, seja fora no campo,
envia-lhes a quantidade de mate que parece proporcionada ao número de
trabalhadores. Igualmente é preciso prover de erva aos que cuidam do gado nas
estâncias e nas pastagens; e se alguns índios são enviados de viagem, não há de
faltar nunca este artigo em suas provisões". Pe Carlos Teschauer
Quando do Tratado de Madri
de 1750 e da sua subseqüente Guerra Guaranítica, o uso do mate já tinha se
tornado costume entre os dragões e demais soldados dos quartéis do Rio Grande e
Rio Pardo.
Depois da Guerra
Guaranítica efetuou-se a expulsão da Companhia de Jesus dos territórios
europeus e coloniais de Portugal e da Espanha. Desde modo, os Trinta Povos das
Missões de Guaranis perderam a unidade, subdividindo-se em quatro grandes
províncias. Cada povo passou a ser gerido por uma espécie de administração
mista, a cargo de um vigário e de um comandante militar.
Por volta de 1820 o hábito
do chimarrão já se enraizara definitivamente nas cidades e nos campos da
Capitania.
O grande papel que
desempenhou a erva-mate na sociedade gaúcha pode der avaliado por sua presença
dentre os símbolos nacionais farroupilhas. No brasão da República já
encontrávamos ramos de erva-mate contornando o barrete frígio e perdura até
hoje no brasão e na bandeira do Estado do Rio Grande do Sul.
Nos dias frios, os índios
tomavam o chimarrão e nas estações cálidas bebiam a cada instante o tereré,
mistura de erva-mate e água fria.