Pois é Caro Léo,
enquanto alguns fecham a cancela, apequenando ainda mais o nosso, já pouco,
espaço, outros nos abraçam e nos dão condições de participar, em igualdade de
condições - aliás como deve ser qualquer concurso.
Estou falando do Concurso de Poemas nos Ônibus.
O referido concurso já existe há mais de vinte anos em Porto
Alegre e, em menos tempo em outras cidades como Esteio, Gravataí e Santo
Ângelo.
Em todas as cidades são escolhidos os melhores que,
adesivados nos coletivos, serão veiculados em cada uma destas cidades.
A concorrência é bastante acirrada, chegando a ter próximo
de mil concorrentes, como acontece em Porto Alegre e mais de duas centenas nas
demais.
Como não poderia deixar de ser, a temática é urbana, já que
os poemas serão veiculados no perímetro urbano.
Não obstante, continuei insistindo e para minha alegria,
este ano inscrevi dois poemas no concurso organizado na cidade de Gravataí.
Ambos foram classificados. Uma das poesias, "desdita" é um poema com
linguagem urbana, já "Cambicheiro" - como se pode notar no título - é
um poema de conotação gauchesca.
Acredito que dessa forma se abre uma nova e grande
oportunidade para a cultura terrunha, por isso penso que devemos empilhar a
lenha na fogueira dos poetas que se expressam por meio da poesia gaúcha, para que
eles se enfiem galpão adentro, visto que a tramela, agora, está aberta.
Se assim fizermos, estaremos nós - e não aqueles que se dizem responsáveis -
cumprindo com dignidade o papel de levar, cada vez mais longe, uma as formas
mais autenticas da expressão da cultura gaúcha: o poema xucro.
Tomo a liberdade e tem enviar, em primeira mão, o poema (!?)
que eu considero a tramela que foi aberta.
CAMBICHEIRO
Hoje eu vim dum
retovo
Fui visitar meu cambicho,
Que agora vive no povo,
E changueia num bolicho.
Báh tchê, nem te conto,
Da minha infelicidade:
Índio cuera, fiquei tonto,
E me perdi na tal cidade.
Jururu, sem saber donde
Achava a ponta do enleio,
Vi que eu tava meio mal.
Me enfiei no tal de bonde,
Que saiu num corcoveio:
Quase me mata, o bagual!!
Com as mais gaudérias saudações e um fraternal abraço,
Juarez (O Xirú)