MUDO DE NOME MAS NÃO MUDO MEU TOQUE

Meu celular, que por vezes me serve de arma (foto acima), tem por toque um relincho de cavalo. Como ando meio surdo por causa de uma otite, o flete relincha uma barbaridade até que eu lhe dê atenção. 

Isto, por vezes, causa algum constrangimento. Não a mim, que não dou bola, mas aos meus. 

Certa feita fui trocar os pneus do carro do meu sobrinho, o Thiago, e ficamos aguardando na sala de espera, cercados de três ou quatro moças, atendentes da loja, esperando o término do serviço. Nisto toca meu celular. Deixei, de propósito, o bagual velho relinchar umas quantas vezes. O Thiago não sabia onde se meter de vergonha das gurias que, de início, seguraram o riso, depois sumiram para uma outra peça em gostosas gargalhadas.  

Tal fato ocorre em todos os lugares. Nas filas de banco, nos shoppings, nos velórios...

Ontem, lá na Arena do Grêmio onde ninguém consegue ligação nem com reza braba, meu celular relinchava a todo instante fazendo a torcida se entreolhar para ver se havia algum cavalar por ali. Alguns franceses, fazendo biquinho com a boca, só diziam: - uí...uí...

Oiga-lê Rio Grande velho....  

Meus filhos já prometeram, sem que eu saiba, trocar a chamada por algo mais suave. Mas só por cima do meu cadáver!  

Mudo de nome mas não mudo meu toque!