RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
VEM AÍ O 32º RONCO DO BUGIO. Dias 30 de agosto e 1 de setembro no CTG Rodeio Serrano, em São Francisco de Paula. Gravura: Léo Ribeiro

quarta-feira, 20 de março de 2013

POEMAS PRA UM OUTONO QUE HOJE CHEGA

Foto: Léo Ribeiro


Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.

De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o própro coração?

E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...

Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
Cecília Meireles
 
Deixaste que o tempo me mostrasse
as luzes do outono dos teus olhos
por vezes, única fonte de amor

Quebraste o silêncio
do outro lado dos sonhos,
com as cores da minha paz estilhaçada
trazendo-me um rosto opaco de sol

Ficará comigo,
a estranha chama da espera,
como a metade de alguém
que não passou
de um ser imaginário,
rarefeito em alguma quimera
Conceição Bentes

"Veio por acaso,num outono distraído, e então,
se passou, um dia, uma semana,um ano,
uma vida toda, e foi ficando... ficando,
e passava os dias ali aguando
o jardim que tua alma floriu..."
Val Garcia

É no outono da vida que a gente lembra, 
que já se foram a primavera e o verão 
e que o inverno se aproxima.
Das possíveis comparações, 
já passamos pelas cores alegres e fortes, 
já deixamos as temperaturas amenas, 
já erramos e tivemos as nossas chances de aprender para acertar.
Agora partimos para um certo recolhimento, 
as feições se tornam mais sérias,
 mesmo que a gente não queira e tente disfarçá-las.
Cada estação tem as suas belezas, 
mas é importante que a gente esteja vestido de acordo 
e esteja sempre preparado para uma retirada rápida e estratégica.
Quando o jovem erra a gente perdoa e diz que foi um engano. 
Quando um velho erra a gente diz que repetir os erros é burrice.
E, a qualquer tempo, para um coração gelado 
pode aparecer um casaco antigo, 
esquecido em algum canto da memória.
Marinho Guzman