Por ROBERTO VIEIRA
Não te conheço, menina
como não conheço as meninas do Islã,
as meninas chinesas,
as norte coreanas e seus olhos puxados,
as africanas castradas,
as meninas prostituídas deste mundo sem Deus,
deste mundo humano,
cheio de homens prepotentes,
revolucionários,
sanguinários,
homens que se julgam donos da verdade.
Sou apenas e tão somente um menino,
um menino de cabelos brancos,
um menino que de repente,
lembrou da mãe,
menina paraibana,
perdida no labirinto da cidade grande,
migrante.
Sou apenas e tão somente um menino,
um menino de cabelos brancos,
um menino que de repente,
lembrou da filha,
olhar de quem sabe de tudo,
orgulhosa abraçando este velho pai.
Repito – não te conheço, menina,
mas gostaria de te dizer baixinho,
pra ficar guardado no teu coração,
que você tem o direito de sorrir, menina,
o direito de berrar e espernear,
o direito de ir e vir,
e se por acaso,
no instante de solidão,
tiver vontade de chorar,
como chorou minha mãe,
como chora minha filha querida,
saiba que tens meu ombro diante da imensidão deste planeta.
Pois quem canta a liberdade, menina,
sempre será cúmplice da minha paixão…
* dentro da cota de postagens não tradicionalistas