Subindo a serra, pros rumos de Vacaria
O tema da Vila Isabel, neste carnaval, foi a agricultura e o samba criado por cinco compositores foi o mais belo da "safra".
Como tenho alguma tendência pela escrita, gosto do bom emprego das palavras, da importância dos sinônimos, do significado das terminologias, botei tenência no assunto.
Martinho da Vila, um dos compositores, conhecido por sua inclinação socialista, queria colocar em uma das frases o termo "reforma agrária". Não encontrou entusiasmo nos demais autores. Seu filho, também compositor rebateu. - Pai. Entendo tua posição, mas será que as milhares de pessoas no sambódromo entenderão?
Martinho cedeu um pouco (em cinco compositores alguém tem que ceder) mas queria, ao menos, a palavra "reformar" (vêem, senhores compositores, que longos minutos foram passando em torno de uma palavra). Arlindo Cruz ainda não estava contente com a citada "reformar", quando um quarto integrante da mesa balbuciou: - por que não "compartilhar"? Todos vibraram e se abraçaram...
Isto é construir um verso. A palavra certa dentro do contexto. Não se pode elaborar um poema, uma rima, um texto, jogando tudo ao léu, sem início, meio ou fim. Os leitores não andam com um dicionário embaixo do braço para entender o que o autor quis dizer.
Da minha personalidade como compositor, sou da velha escola do Glênio Fagundes que prima pela simplicidade (não o grotesco), embora seja mais difícil fazer o simples. Prefiro o termo "vara verde" do que "flexibilidade"!
Falo isto, meus senhores, porque neste domingo estarei avaliando os poemas da 3ª Tropeada do Poema Gauchesco, na legendária Vacaria dos Pinhais. Na verdade, vou subir a serra para julgar declamadores e amadrinhadores pois, como sou de seguir os regulamentos, minha Melhor Poesia já está escolhida desde que fiz a triagem.
Sucesso a todos os concorrentes!
Aproveito a olada para homenagear, antecipadamente, aquele que, na minha opinião, foi o maior poeta gauchesco de todos os tempos e que depois de amanhã, dia 22, completa mais um ano de sua morte. Falo de Aureliano de Figueiredo Pinto.
Gravura: Vasco Machado
Aproveito a olada para homenagear, antecipadamente, aquele que, na minha opinião, foi o maior poeta gauchesco de todos os tempos e que depois de amanhã, dia 22, completa mais um ano de sua morte. Falo de Aureliano de Figueiredo Pinto.
Gravura: Vasco Machado