Mário Santos, João Batista e este blogueiro, na primeira vez em que botei uma bombacha, no Salão "Esperança"
Nestes meados de carnaval, me pego ruminando sobre como nossa tradição gaúcha é forte. Não por tudo aquilo que sabemos e conhecemos como número de CTGs, rodeios, festivais, etc, mas porque, com sua força intrínseca, impede outras culturas de se desenvolverem aqui pelo Estado e não por culpa das autoridades públicas que dão bem mais apoio aos envolvidos com o carnaval.
Na praia aonde estou, a minha televisão não pega programação local, isto é, não sei o que está acontecendo a nível de Rio Grande do Sul a não ser que ocorra notícia nacional. Parece, que a antena parabólica está direcionada para o norte do país.
Pois bueno. Sendo assim, acompanho tudo que ocorre no carnaval brasileiro mas não vi ou ouvi uma nota sequer sobre o carnaval no Rio Grande do Sul. Não estou aqui recriminando a televisão nacional, apenas fazendo uma constatação de que não existimos, carnavalescamente falando. Isto, não deixa de ser fruto da forte tradição gaúcha enraizada em nossa alma.
Imaginem, se nossos "administradores culturais gauchescos" dessem mais atenção ao negro dentro de nossa tradição? Sim, porque, queiram ou não queiram, as pessoas de cor ainda são discriminadas. Quantos patrões de CTGs negros você conhece?
Botei minha primeira bombacha aos treze anos de idade quando fui convidado a participar da invernada de danças da Escola Industrial Antônio Francisco da Costa Lisboa, em São Francisco de Paula, uma invenção da professora Neiva Asmuz, a Tia Neiva. Eu nem tinha indumentária. Foi tudo emprestado. A bombacha e as botas pertenciam ao meu avô Maneco Ribeiro, um capataz de fazenda. As botas, enchi de algodão na ponta, pois eram enormes e as bombachas, por serem largas no "cós", minha mãe teve que fazer umas “pregas” para que não caíssem.
Tudo isto, são detalhes que não esqueço mas o que mais me marcou foi o seguinte: Nossa primeira apresentação e, portanto, meu batismo gaúcho, foi num baile no Salão Esperança, sociedade de negros que existia no fim da avenida de minha cidade (foto), isto lá em 1969. E agora, a lembrança que carrego até hoje: Nesta Sociedade (Salão Esperança), nós, brancos, éramos bem-vindos. Já, na Sociedade Cruzeiro (a dos brancos), pessoas de cor escura não eram aceitas.
No Faxinal, interior de São Francisco de Paula, a coisa era mais "evoluída" pois havia, no mesmo salão, uma cerca que separava os brancos dos negros.
Há pouco tempo vi o filme Django, um bang-bang que recém foi lançado no cinema. Ali, me asco daquele forte racismo que os sulistas americanos tinham.
Isto são apenas algumas lembranças que me vieram a mente nesta segunda de carnaval pois, na verdade, o Rio Grande do Sul foi o Estado que deu o primeiro passo na luta pela abolição, fato que só ocorreu 60 anos após a Guerra dos Farrapos.
Em relação ao carnaval gaúcho, penso que vamos ter que esperar outros 60 anos para ganhar alguma notoriedade.
Na praia aonde estou, a minha televisão não pega programação local, isto é, não sei o que está acontecendo a nível de Rio Grande do Sul a não ser que ocorra notícia nacional. Parece, que a antena parabólica está direcionada para o norte do país.
Pois bueno. Sendo assim, acompanho tudo que ocorre no carnaval brasileiro mas não vi ou ouvi uma nota sequer sobre o carnaval no Rio Grande do Sul. Não estou aqui recriminando a televisão nacional, apenas fazendo uma constatação de que não existimos, carnavalescamente falando. Isto, não deixa de ser fruto da forte tradição gaúcha enraizada em nossa alma.
Imaginem, se nossos "administradores culturais gauchescos" dessem mais atenção ao negro dentro de nossa tradição? Sim, porque, queiram ou não queiram, as pessoas de cor ainda são discriminadas. Quantos patrões de CTGs negros você conhece?
Botei minha primeira bombacha aos treze anos de idade quando fui convidado a participar da invernada de danças da Escola Industrial Antônio Francisco da Costa Lisboa, em São Francisco de Paula, uma invenção da professora Neiva Asmuz, a Tia Neiva. Eu nem tinha indumentária. Foi tudo emprestado. A bombacha e as botas pertenciam ao meu avô Maneco Ribeiro, um capataz de fazenda. As botas, enchi de algodão na ponta, pois eram enormes e as bombachas, por serem largas no "cós", minha mãe teve que fazer umas “pregas” para que não caíssem.
Tudo isto, são detalhes que não esqueço mas o que mais me marcou foi o seguinte: Nossa primeira apresentação e, portanto, meu batismo gaúcho, foi num baile no Salão Esperança, sociedade de negros que existia no fim da avenida de minha cidade (foto), isto lá em 1969. E agora, a lembrança que carrego até hoje: Nesta Sociedade (Salão Esperança), nós, brancos, éramos bem-vindos. Já, na Sociedade Cruzeiro (a dos brancos), pessoas de cor escura não eram aceitas.
No Faxinal, interior de São Francisco de Paula, a coisa era mais "evoluída" pois havia, no mesmo salão, uma cerca que separava os brancos dos negros.
Há pouco tempo vi o filme Django, um bang-bang que recém foi lançado no cinema. Ali, me asco daquele forte racismo que os sulistas americanos tinham.
Isto são apenas algumas lembranças que me vieram a mente nesta segunda de carnaval pois, na verdade, o Rio Grande do Sul foi o Estado que deu o primeiro passo na luta pela abolição, fato que só ocorreu 60 anos após a Guerra dos Farrapos.
Em relação ao carnaval gaúcho, penso que vamos ter que esperar outros 60 anos para ganhar alguma notoriedade.