Gravura - Voldinei B. Lucas
Anteontem estava lendo uma
reportagem sobre os esportes mais elitizados. Os tops são golfe, automobilismo,
pólo, e os hípicos, de um modo geral. O mote do texto era para demonstrar como
o futebol, outrora um esporte popular, hoje em dia é coisa para classe alta. O
autor afirmava que, com a conclusão da Arena do Grêmio e a futura reforma do
Beira-Rio, os pobres não terão mais vez, como antigamente tinham. Lugares como
a Coréia (no Gigante) e a Geral (no Olímpico), irão desaparecer e, com eles, o
verdadeiro torcedor.
Então, eu trouxe este tema para o
gauchismo e reafirmo que nossa cultura nativa do Sul, para mim a mais bela de
todas, não é popular.
Seguindo os passos do carnaval brasileiro, do frevo pernambucano, dos trios elétricos baianos, das festas juninas nordestinas, do bumba-meu-boi, enfim, festividades diversas que outrora eram eventos de fácil acesso ao caboclo, aos moradores das periferias, mas que hoje o COMÉRCIO tornou-se a palavra chave espantando os menos abastados, nosso folclore gaúcho está, como a Arena e o Beira-Rio, elitizado.
Seguindo os passos do carnaval brasileiro, do frevo pernambucano, dos trios elétricos baianos, das festas juninas nordestinas, do bumba-meu-boi, enfim, festividades diversas que outrora eram eventos de fácil acesso ao caboclo, aos moradores das periferias, mas que hoje o COMÉRCIO tornou-se a palavra chave espantando os menos abastados, nosso folclore gaúcho está, como a Arena e o Beira-Rio, elitizado.
Aquele movimento preconizado lá por 1947, por Paixão Côrtes e seus companheiros, está muito modificado e a próxima geração de tradicionalistas, nascidos e criados em apartamentos, não saberá o que foi uma carreira de cancha reta, um baile de ramada, uma prosa domingueira num bolicho de fundo de campo. Os bois nos rodeios serão substituídos, logo-logo, por vacas empalhadas puxadas por motos.
Me digam de que maneira um peão
de estância, um migrante criado no campo do nosso interior que veio morar nas
favelas da capital, um filho de pobre, pode participar das atividades culturais
gauchescas?
Vamos fazer uma conta, apenas por
alto, de quanto custa uma indumentária gaúcha masculina: chapéu R$ 100,00 –
lenço R$ 30,00 – camisa R$ 50,00 – cinto R$ 80,00 – bombacha R$ 80,00 – botas
R$ 130,00. Então, só a pilcha, tem um custo aproximado de R$ 470,00
Se o vivente resolver se divertir
em um baile com sua patroa (é claro que ele não é sócio) vai pagar entrada, um
lugar para sentar, e tomar uma bebida, porque ninguém é de ferro. Gastará, com
isto, em torno de R$ 150,00 (sem falar no vestido da prenda que sai, em média,
R$ 180,00.
Falando em baile, em sociedade (a
maioria dos CTGs estão cerrando suas portas por falta de sócios), peço que
algum patrão me informe quanto custa manter uma invernada artística de primeira
linha. Antigamente, participei por 10 anos de um grupo de danças por puro prazer.
Mas continuando: Se o índio
gostar de tiro de laço e desejar participar de rodeio, ou mesmo de cavalgadas... Cavalo, trato, encilha,
laço, despesa de transporte, inscrições, alimentação, anuidade do Movimento...
Cruz em credo! Vamos parar por aí.
Na realidade, o que o peão pobre
tem de contato com nossa tradição é em relação a música, que ouve nos parcos
programas radiofônicos (a maioria das rádios são pela internet) e nos festejos
farroupilhas, onde pode participar mais de perto das atividades comemorativas.
Mas o pior de tudo não está no corpo, pois sempre alguém dirá: - Quem pode, pode. Quem não pode se sacode... Mas e a pobreza na alma?
A cultura de um povo, o saber, o conhecer, tudo resumido na palavra FOLCLORE, tem que ser, realmente, direcionado para a massa popular pois, do contrário, viverá estagnada e enclausurada em si mesma.
E, ao que parece, não hay luz no fim do túnel pois não se percebe, há muitos anos, uma movimentação das organizações tradicionalistas constituídas, em sentido contrário.
Então todos me questionarão: é fácil apresentar o problema, mas qual a solução?
Pois aí vai, e na forma de 0800, ou seja, gratuitamente;
TEM QUE INSERIR EFETIVAMENTE A CULTURA GAÚCHA COMO MATÉRIA PEDAGÓGICA NO CURRÍCULO DOS COLÉGIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DO ESTADO.
Como diz o poeta: "Primeiro canta a tua aldeia", só que, para tanto, nós precisamos conhecê-la. Este conhecimento virá de forma igualitária e uniforme á todos com professores especializados a mostrar desde como se faz um chimarrão até o sentido intrínseco e valoroso da palavra RIO GRANDE DO SUL. Vos digo, se isto for feito, nossa cultura será a maior do mundo!
Mas para isto, meus amigos, é necessário que nossos governantes tenham cabelo no peito!
A cultura de um povo, o saber, o conhecer, tudo resumido na palavra FOLCLORE, tem que ser, realmente, direcionado para a massa popular pois, do contrário, viverá estagnada e enclausurada em si mesma.
E, ao que parece, não hay luz no fim do túnel pois não se percebe, há muitos anos, uma movimentação das organizações tradicionalistas constituídas, em sentido contrário.
Então todos me questionarão: é fácil apresentar o problema, mas qual a solução?
Pois aí vai, e na forma de 0800, ou seja, gratuitamente;
TEM QUE INSERIR EFETIVAMENTE A CULTURA GAÚCHA COMO MATÉRIA PEDAGÓGICA NO CURRÍCULO DOS COLÉGIOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS DO ESTADO.
Como diz o poeta: "Primeiro canta a tua aldeia", só que, para tanto, nós precisamos conhecê-la. Este conhecimento virá de forma igualitária e uniforme á todos com professores especializados a mostrar desde como se faz um chimarrão até o sentido intrínseco e valoroso da palavra RIO GRANDE DO SUL. Vos digo, se isto for feito, nossa cultura será a maior do mundo!
Mas para isto, meus amigos, é necessário que nossos governantes tenham cabelo no peito!