RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
VEM AÍ O 32º RONCO DO BUGIO. Dias 30 de agosto e 1 de setembro no CTG Rodeio Serrano, em São Francisco de Paula. Gravura: Léo Ribeiro

sábado, 1 de dezembro de 2012

DOIS DEDOS DE PROSA COM...

...JEANDRO GARCIA 

a presença da juventude no tradicionalismo, como a Ewilin e o Jeandro Garcia, dá certeza da continuidade de nossos costumes e da perenidade de nossas tradições.

A cada ano, milhares de jovens agregam-se a cultura regional gaúcha. Seja pelos caminhos da música (César Oliveira e Rogério Melo, Joca Martins, Luiz Marenco e outros, são grandes responsáveis por isto), seja pelos rodeios (hay uma piazada nova laçando uma barbaridade), seja pelos CTGs (principalmente invernadas artísticas), enfim, por diversas portas de entrada do gauchismo. São pessoas que poderiam estar difundindo e "curtindo" outro tipo de cultura, mas preferiram a nossa.

Já fizemos, neste espaço, diversas entrevistas com pessoas por demais conhecidas no meio como Paixão Côrtes, Glênio Fagundes, Joca Martins, e hoje desejamos saber a opinião de um destes "novos" cultores do tradicionalismo. Jeandro Garcia.

O Jeandro, grande colaborador e incentivador deste blog, é o tipo da pessoa que, onde coloca a mão, faz a coisa andar. É deste tipo de gente que as entidades e o meio tradicionalista precisa.

Mas não queremos falar demais sobre nosso convidado que, além de entrevistado, é um fraterno amigo. Vamos deixar que ele se apresente:

1. De onde tu é e o que faz (profissionalmente)?
- Sou natural e moro em Gravataí, trabalho com marketing digital e desenvolvimento Web.

2. Como ingressaste ativamente na cultura gaúcha?
- Ingressei a partir dos cursos de fandango, que foram me mostrando pouco a pouco o que era realmente o tradicionalismo e também as possíveis “desilusões”, que eu poderia ter mais a frente. Embora, antes disso, sempre tenha acompanhado o tradicionalismo em paralelo, desde a época do Tchê music, confesso, me apegando mais a música gaúcha do que ao galpão em si. Os amigos Rogério Bastos e Lili nos disseram que estamos com todo gás ainda, e um dos motivos é por ainda não termos nos desgastado com algumas situações e por sermos recentes no tradicionalismo, mas pretendemos nos manter assim por muito tempo, pelo menos até termos contribuído o bastante para a nossa cultura. Talvez por este início possuímos uma postura mais conservadora sobre o tradicionalismo.

3. Quais atividades que te atrairam mais dentro desta cultura (música, dança, cavalgada...) e o que tens feito dentro desta atividade?
- De início o que me atraiu foi a dança de salão gaúcha, mas junto com ela vem algo muito maior, os amigos! Depois fui me interessando por diversas atividades, mas confesso que nem tanto pelas danças tradicionais, pois próximo a nós não vemos muito de tradicionalismo na atividade, mas sim competição e rixa, portanto isso me faz admirar ainda mais as invernadas que não são baseadas na rivalidade, mas no cultivo das nossas tradições. Nossas atividades (minhas e da minha prenda, Éwilin Ayres) estão bem intensas ultimamente, sendo:
- Facebook/Twitter “Cultura Gaúcha”, um perfil que não foi criado para simplesmente banners com versos , mas para informar sobre a nossa cultura (história, atualidades, eventos, artistas, tradicionalismo, curiosidades...), e principalmente opinar, embora alguns não gostem desse lado do perfil, mas como bons gaúchos que somos, temos opinião e mostramos ela.
- No Grupo de Danças Gaúchas de Salão Fandangueiros da Tradição, realizamos a comunicação e marketing do grupo e de nossos cursos, em 11 CTGs e DTGs que estamos atualmente. Também trabalhamos para comunicação interna e alinhamento da equipe, que hoje possui 80 membros.
- Participamos anualmente da Cavalgada da Costa Doce www.cavaleirosdacostadoce.com.br
- Estamos envolvidos em um grande projeto para realocar e reerguer um CTG, que hoje é pequeno e está impedido de exercer suas atividades à noite, devido a Lei do Silêncio.
- Possuo também um blog de turismo pelo sul do Brasil, com dicas de lugares e suas peculiaridades www.turismonosul.com.br
- Por vontade própria e devido ao Cultura Gaúcha e Fandangueiros, frequentamos diversos eventos tradicionalistas como shows, bailes, rodeios, eventos do MTG, cursos, ENART ...

4. Musicalmente, quais teus artistas preferidos?
- Tenho muito apego pelos antigos como José Mendes, Teixeirinha, Gildo de Freitas, Leopoldo Rassier, os 4 troncos missioneiros, Os Mirins e paro por aí pois são muitos. Mas falando dos mais “atuais”, gosto muito de Joca Martins, Juliana Spanevello, Shana Muller, Cristiano Quevedo e Aninha Pires. Gosto mais da musica galponeira, pois me remete aos bailes e diretamente a um momento de muita alegria, mas digamos que a nativista fica apenas 2% atrás rsrs..

5. O que não gostas dentro da nossa cultura?
- Gosto de tudo que é da nossa cultura, pois não considero parte dela as coisas que me desagradam, como rixas, interesses pessoais acima da cultura, e o descaso com nossos princípios.

6. E o mecanismo das redes sociais como meio auxiliar na divulgação das tradições gaúchas?
- Com certeza é fundamental! Pois é através destas redes que os jovens estão descobrindo as atividades que o movimento tradicionalista possui. Quem não fica com vontade de subir em um cavalo e seguir campo a fora quando vê uma bela foto campeira? Ou mesmo fotos de grupos de dança, bailes, cursos e ENART?... Temos muitos alunos que nos dizem: “Vi o banner de vocês no facebook e resolvi fazer o curso”, isso de pessoas que nem pensavam fazer um curso de fandango, quem dirá frequentar um CTG. Além disso, as redes são grandes fontes de informação para quem quer saber mais sobre a nossa cultura e a partir daí é só colher amigos virtuais, que estes em breve se tornarão amigos “reais” no primeiro baile ou rodeio que se encontrarem. Prova disso é a minha grande amizade com você Léo, Rogério Bastos, Lilliane Papen, e também amizades de cantores como Joca Martins, Juliana Spanevello, Shana Muller, Cristiano Quevedo e tantos outros que também não são amigos de convívio frequente, mas amigos unidos pela tradição.

7. Tens ambição de ser algum dirigente tradicionalista?
- Olha amigo, no começo não queria, mas hoje vejo tanta coisa errada, como a obsessão por competições quebrando diversos galpões, que sinto que um dia terei de estar mais a frente do galpão para poder ajudar de verdade. E parece que isso vai acontecer muito antes do que eu imaginava, mas para patronagem ainda tenho muito que aprender, talvez quando me aposentar daqui 15 ou 20 anos. Quem sabe a um curto ou médio prazo me envolva em alguma atividade dentro do MTG, considero uma boa experiência para auxiliar o galpão futuramente e de imediato a cultura gaúcha.

8. Uma mensagem para esta gurizada que olha nossa tradição meio com desconfiança.
- Nosso lema é “O melhor da Tradição são os amigos que se faz.”. Já tive grandes amizades fora do tradicionalismo, mas nunca tantas belas amizades reunidas em só lugar. E a gurizada de hoje quer é se relacionar, fazer amigos e festa, e dentro do tradicionalismo existe tudo isso, e bastante! Claro que não é um mundo perfeito, nenhum lugar é assim, mas é um dos melhores que temos na sociedade atual. Meu conselho basicamente é: Não julgue o tradicionalismo sem conhecê-lo! Vá ao CTG e conheça a nossa história. Claro que não é fácil simplesmente chegar no galpão, então procure alguém que já frequenta e vá com ele, se não tiver alguém, matricule-se no primeiro curso de fandango! É a maior porta de entrada do CTG, você sempre será bem tratado em um curso dentro do galpão, demostre interesse em conhecer mais, que alguém vai lhe abraçar.