Farol Cristóvão Pereira de Abreu, construído em 1886
na Lagoa dos Patos, em homenagem ao tropeiro
Este ilustre desconhecido para a maioria dos gaúchos, mesmo para aqueles
que conhecem o monumental farol que leva seu nome, era um coronel das forças
imperiais, a serviço do vice-rei.
Foi considerado o Primeiro Tropeiro do Rio
Grande.
Quando as forças imperiais decidiram levantar um forte na barra do Rio
Grande de São Pedro, armaram uma pequena frota a mando do brigadeiro José da
Silva Pais. Esta ficou aguardando em Santo Antônio dos Anjos de Laguna, que uma força
por terra fizesse o reconhecimento da barra.
Esta tarefa coube ao coronel Cristóvão Pereira de Abreu, que era
"vaqueano" daquelas paragens, pois seguido efetuava por terra a
viagem desde Laguna a Colônia de Sacramento. Após efetuar o levantamento da
barra, fazer uma "carta" da mesma e duas atalaias, enviou um
"próprio" a Laguna, por terra, levando as informações a Silva Pais.
No dia 19 de fevereiro de 1.737,
a frota adentrou a famigerada barra sem maiores
dificuldades.
A frota:
Nau capitã : Leão Dourado - galera
Bicha Cadela - bergantin
N.S.da Conceição - balandra
Bonita - galera
Nau capitã : Leão Dourado - galera
Bicha Cadela - bergantin
N.S.da Conceição - balandra
Bonita - galera
Cristóvão Pereira de Abreu, seguidamente trazia muares de Sacramento, no
fim do Ciclo da Prata, para repassá-los em Sorocaba. Numa
destas viagens resolveu cortar caminhos e, de Palmares, subiu a Serra Geral,
indo ter na região que hoje é São Francisco de Paula. Vários povoamentos
surgiram, então devido a esta novo rota dos tropeiros.
Simão Pereira de Sá, cronista dos primeiros tempos do nosso Rio Grande, deu-nos esta transcrição de um relato do feito"...não foi menos útil para guia dos navegantes levantar nos pontais da barra dois madeiros de extrema ordinária grandeza com cata-ventos nos remates para conhecimento dos rumos e facilitar com estas balizas o perigoso e cotidiano ingresso das embarcações ligeiras..."
Ergueram então o forte Jesus Maria José, na margem direita, atual cidade
de Rio Grande. Cristóvão Pereira andava por aqui desde 1.731, levando gado
"alçado" para Curitiba, para as forças imperiais. Escreveu alguns
"roteiros" do trajeto, conhecidos na época como "práticas".
A tática para cruzar a barra do Rio Grande era embarcar o "sinuelo"
numa jangada e forçar o resto da tropa a segui-lo.
Cristóvão requereu e ganhou a sesmaria da área que ficou conhecida como
Rincão do Cristóvão Pereira, que é basicamente a ponta aonde se localiza o
farol, estabeleceu uma estância de criação de gado (bovino, cavalar e muar) com
intuito de fornecer ao império. Daí o nome de Lagoa do Rincão. Quando a marinha
resolveu erigir os faróis da Lagoa, batizou-os com o nome do local aonde foram
erguidos: Itapuâ, Cristóvão Pereira, Bujuru e Estreito. Capão da Marca foi
construído mais tarde. Desta forma
indireta ficou registrado para a posteridade o nome deste pioneiro do Rio
Grande, muito pouco conhecido dos gaúchos.