RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
VEM AÍ O 32º RONCO DO BUGIO. Dias 30 de agosto e 1 de setembro no CTG Rodeio Serrano, em São Francisco de Paula. Gravura: Léo Ribeiro

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

ONDE ANDAM NOSSOS AUTORES GAÚCHOS?


Se os leitores mais atentos notaram, ontem não fizemos postagem no blog, mas foi por uma boa causa. Tiramos o dia para visitar a 58ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre que findou neste domingo (11). O dia, na feira, foi de reflexão sobre como as pessoas se relacionam com a natureza. A consciência planetária foi o tema. O destaque ficou com a jornalista Ana Lúcia Azevedo, especializada em meio ambiente. Uma multidão passou pelos corredores da feira para procurar saldos de livros. Pelo balanço da organização, calcula-se que mais de um milhão de pessoas tenham visitado o evento. O balanço sai nesta terça-feira.

Contudo, uma coisa me deixou entre preocupado e triste. A falta de obras com temáticas regionais gaúchas. Por onde andam nossos poetas e escritores? Será verdade a teoria de que o Google matou os livros?

Como sempre faço, ao chegar na feira, visito a livraria Martins Livreiro, uma editora voltada para a cultura do sul. Procurei pelos lançamentos, pelas novidades de 2012, e somente duas obras a disposição: Como Diz o Gaúcho (ditados campeiros), de Severino Rudes Moreira, e Fronteira e Pampa (poesias), de Fernando de Almeida Poeta. Talvez tenha mais um ou dois trabalhos que eu não tenha percebido, mas não passava disto.

Para quem estava acostumado a chegar na mesma editora e ver vinte, trinta livros gauchescos serem lançados, como disse, me bateu uma tristeza.

Sei, pelo escritor Sãoborjense Israel Lopes, que na feira do Livro de São Luiz Gonzaga, também neste fim de semana, havia lançamentos de algumas obras regionais como do artista plástico Sávio Moura e do historiador Valter Portalete que, com muita procedência escreveu Terra e Cidadania na Obra de Cenair Maicá. Sei também que, esparsamente, alguns vates lançaram obras ao correr do ano, como foi o caso de Jurema Chaves, de Cândido Brasil e de Gujo Teixeira. Mas, com todo o respeito e admiração a estes “heróis” que puseram no papel os seus pensares, é muito pouco se comparando com o manancial de romancistas, escritores, historiadores, poetas, espalhados por este Rio Grande.

Alguma coisa está havendo. Sei das dificuldades das editoras e dos custos para uma edição mas, mesmo de forma cooperativada, poucas trabalhos tem aparecido.

Aproveitando a olada, e mesmo não tendo sido lançados neste ano, quero fazer referência a dois trabalhos que deveriam servir de modelo pela riqueza de impressão e pelo conteúdo: 20 anos de poesia, de Rodrigo Bauer e Tupãn-Cy-Retãn – Face Missioneira – de Moisés Menezes. Que livros...

A verdade é que temos que fazer uma reflexão, um estudo, uma conferência, para ver o que ocorre com a edição de obras de escritores identificados com a cultura sulina, pois o livro é perene, aglutina em si o pensamento de seu autor, registra fatos históricos ou nos conduz pelas imaginações da ficção. Mas é um livro e livro tem seu valor, ou melhor, um livro é de valor imensurável!