Boa tarde,
caro Léo estou te mandando os anexos que lhe falei sobre trajes gauchescos. Gostaria de ver em seu blog algum comentário sobre os mesmos, pois com certeza enriqueceria o meu conhecimento sobre os trajes que se usavam antigamente.
Um forte abraço.
Godinho
Recebi, de meu amigo Godinho, um carioca apaixonado pela cultura do Rio Grande do Sul, por enquanto morando aqui pela capital, mas, na aposentadoria, se bandeando lá para a legendária Soledade, manda-me duas estampas que retratam a evolução da indumentária tanto masculina quanto feminina. Infelizmente, não consegui identificar quem fez a pesquisa, mas, com certeza, não deve ser ninguém ligado ao MTG pois o mesmo orienta seus filiados a vestirem-se de acordo com as Diretrizes das Pilchas, um documento aprovado na 67ª Convenção Tradicionalista de Tramandaí, em 2005, e as estampas, pelo que podemos observar, não seguem o citado manual (o que não quer dizer que tal estudo não está correto). Na verdade, o que o Movimento Tradicionalista Gaúcho fez (e não há demérito nenhum nisto) foi dar um padrão ao gaúcho rio-grandense, só que não observou a diversidade cultural de cada região do Estado.
Da mesma forma, as idumentárias apresentadas vão contra aqueles que renegam suas origens espanholas e imaginam que o gaúcho nasceu em meados da década de 1940.
Não sou nenhum especialista em indumentária mas, para satisfazer meu amigo Godinho, vamos opinar e descrever uma a uma as figuras da imagem abaixo, a começar da esquerda para a direita:
1. A imagem do índio, por estar de esporas, aparenta ser de charrua ou minuano (tribos cavaleiras) embora o laço tenha sido introduzino do Rio Grande do Sul pelos guaranis. O traje é um modelo de chiripa utilizado entre 1620 e 1730.
2. Indumentária utilizada pelos peões na época de 1730 a 1820, principalmente na região das vacarias. Chapéu de palha (de feltro era só para as festividades) lenço atado na cabeça, camisa de algodão, chiripá e botas de garrão-de-potro, retirada diretamente do animal.
3. Aqui o chiripá mudou o estilo passando a ser uma espécie de grande "fralda". É um traje típico do gaúcho farroupilha (1820 a 1865), com chapéu pança-de-burro e ceroula ponta-franjada.
4. Esta quarta imagem pode ser classificada como o típico gaúcho preconizado pelo MTG.
5. Muitos sites colocam esta 5ª indumentária como a do gaúcho atual. Com certeza tal afirmativa não recebe o aval do Movimento em virtude de que o mesmo proíbe o uso de boinas e ALPARGATAS...
6. O gaúcho da sexta figura, deve estar de luto (lenço preto). Também foge dos padrões estabelecidos pois aparece de jaleco (tipo de jaqueta), rastra (cinto) e bombacha plissada, tudo de origem espanhola, tão renegada pelos gaúchos de pouca memória mas tão utilizada pelos desavisados...
7. O sétimo e último traje dá uma idéia do peão atual, contudo, também não está de acordo com os regramentos, pois utiliza rastra, esporas chilenas e um lenço colorido (não confundir com carijó).
Perceberam, caros leitores, como o assunto é controvertido? Em breves observações, mesmo não sendo epecialistas no assunto, apontamos várias discrepâncias entre o que preconiza as normas e o que mostra este belo e rico estudo sobre a evolução da indumentária no Rio Grande do Sul. O melhor, então, é vestir-se como manda seu próprio gosto.
Em matéria de indumentária feminina, meu amigo Godinho, vou me abster por absoluta falta de conhecimento. Contudo, podemos obervar que a presente pesquisa não apresenta prenda de bombacha, o que é autorizado pelo MTG.