BATENDO ESTRIBOS
(Rodrigo Bauer)
Meu pai vem sempre comigo, batendo estribos...
Embora ele esteja longe, jamais se afasta...
Eu trago a sua palavra feito um abrigo,
um bem que nunca envelhece, que não gasta!
Andamos batendo estribos nestas coxilhas,
tinindo ferro no fero, léguas a fio...
A barba do pai, aos poucos, ficou tordilha
e a chama de seu sorriso já sente frio...
Um dia ganhei a estrada e me fiz errante,
seus olhos ficaram turvos numa janela...
A gente que sai de casa sofre bastante
mas nada que se compare aos que ficam nela!
Às vezes chego a senti-lo junto comigo,
mostrando o passo seguro onde o rio dá vau...
De novo somos parceiros, batendo estribos,
irmãos de ofício, da mesma marca e sinal!
Por isso sempre que posso, dia que seja,
vou vê-lo no seu exílio, rincão antigo...
Saímos, então, pro campo que reverdeja
ao ver que tem pai e filho, batendo estribo!
A pampa nos interliga, sou eu, é ele!
E, juntos, nos transcendemos no sangue, enfim!
Eu fico, em cada coisa que deixo nele
que segue nos seus princípios que vão em mim!