OS CURSOS DE DANÇA DE SALÃO - PARTE II

Por: Jeândro Garcia

Buenas amigos, já falamos no capítulo anterior (clique para ver) sobre a formação e influência dos cursos de fandango feitos pelo grupo Fandangueiros da Tradição, cursos e apresentações que são preparados no galpão cedido pela Transportadora Transmiro. E hoje começo sobre o que é ensinado durante os 3 meses de aulas, sendo os ritmos: Valsa, Vaneira, Marcha, Polca, Chote, Milonga, Bugio, Rancheira e o tão polêmico Chamamé. Por quê polêmico? Simples! Porque os fandangueiros ensinam somente conforme o manual de Danças Gaúchas de Salão, preservando a autenticidade da nossa cultura, e quem gosta de “inventar” variantes aos passos acaba por se sentir contrariado e não admite que aprendeu errado.

Hoje é comum em bailes casais dançando chamamé com figuração de chote, e isso não existe no chamamé gaúcho, é invenção de alguns “criativos”, assim como a vaneira não possui figuração, largar a mão da prenda então, nesses ritmos, me lembra aqueles “memes” da internet que diz “Você está fazendo isso errado”. Os fandangueiros ensinam mais de 5 tipos de chamamés, e dentro de uma música você pode alternar todos eles, veja quanto espaço se tem aí para a criatividade, chamamé é um dança rica e linda, não necessita de figuração de chote, basta aprender ele de forma certa. Eu sempre dou essa orientação: “Se você dançar bem o chamamé correto, todo o salão vai achar linda a sua dança, se você dançar com figuração, aqueles que conhecem irão rir de você”, e é verdade, não tem porque esconder isso. Existem duas desculpas básicas que escuto, sendo a primeira “Ensino para baile e não para ENART”, pra mim uma total falta de respeito com a raiz da nossa cultura e além do mais o ENART vem dos bailes autênticos. Por vezes também me dizem “Eu acho mais bonito chamamé figurado de chote”, bom, eu também acho lindo Bugio e nem por isso enxerto em outros ritmos, assim como já dancei assim errado e quando aprendi o certo parei de fazer.
Veja este chamamé e me diga se você sentiu falta de figuração de chote para ser bonito:

Além disso também damos uma aula de indumentária, para evitar os excessos no dia da formatura, sempre explicando os motivos e embasando com a história e nossos costumes, também sendo uma forma de despertar o interesse pela cultura, pois formamos dançarinos mas almejamos formar tradicionalistas. Com isso as formaturas sempre são o grande marco do curso, uma grande participação e orgulho das famílias que vem prestigiar o filho(a), o neto(a) e muitas vezes os pais e avós que estão se formando até pela quinta vez conosco.

O que leva tanta gente a voltar aos cursos? A dança? A tradição?... não... é a amizade! Primeiro se entra pensando em aprender a dançar, no segundo pelos amigos que fez e aperfeiçoar a dança, depois disso aquele encontro passa a ser uma extensão da vida de cada casal, e ninguém perde o domingo no curso, ganha-se o domingo! pois provavelmente estariam neste horário vendo fantástico já desacelerando e reclamando “o findi já acabou”, mas ao invés disso estão fazendo amizades, e boas amizades! Estão se exercitando, participando de eventos tradicionalistas paralelos ao curso e principalmente se divertindo, coisa que muitos não fazem a semana inteira. E é isso que nos motiva cada vez mais! Inúmeras são as histórias que temos, principalmente casais que estavam por se separar e reataram a relação, a conversa e a cumplicidade. Um aluno hipertenso dizia que seu último sonho na vida era aprender a dançar em baile, após dançar na sua formatura teve um ataque do coração e veio a falecer, mas acredito que em um momento feliz da vida, também viúvas que entraram em contato agradecendo ao curso, pois naqueles momentos eles eram plenamente felizes e possivelmente só agora se deram conta.

Por isso amigos, quem dança seus males espanta, faz amigos, cultua a tradição, se exercita, se diverte, sorri (e muito!), desestressa, vai a eventos paralelos, enfim... Quem dança vive! E é mais feliz!

Grande abraço! E mais informações:
www.fandangueirosdatradicao.com.br