RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

segunda-feira, 9 de julho de 2012

AOS QUEBRADORES DE GEADA

Foto: Zezinho (Grupo Floreio) - Fazenda no Juá

Faz trinta anos que a minha rotina, pela manhã é mais ou menos a mesma. Pulo do catre as 6 hs, tomo um banho, bebo meu café e vou para meu trabalho num ambiente que se está calor ou frio pouco importa pois o ar condicionado recoloca na temperatura ideal. Antes destes trinta anos passei algum frio pela manhã mas nunca por motivo da lida pesada. Era para ir ao colégio.

Por isso hoje, num dia bonito mas frio (está marcando 5º aqui na Rótula do Papa em Porto Alegre), quero iniciar nossas postagens prestando nossa homenagem e reverência a duas classes sociais que, sem saber o que é sábado, domingo ou feriado, apeiam da cama no romper da aurora, pouco importando o tamanho da branquidão dos campos. São os peões de fazenda e os colonos. A criação e a roça não podem esperar. O gado precisa de alimento, de que seja tirado o leite. A roça precisa da foice descendo nos caraguatás para ver brotar a semeadura. Peões de fazenda e colonos desta terra brasileira, o nosso apreço e a nossa admiração.

Sobre este tema, certa feita fiz uma letra e o Zezinho (José Claro), autor da foto acima, colocou um rancheirão que fez muito sucesso. Era mais ou menos assim:

DE “RENGUEÁ” BUGIO

Letra: Léo Ribeiro
Música: Zezinho

Pulei da cama nem clareava o dia,
manhã bem fria, geadão branqueando,
peão de fé não tarda e não falha
e o colchão de palha ficou me bombeando.

Lavei as "fuça" por obrigação,
fui pro galpão e quase levo um tombo,
a pedra lisa e o tamanco largo
mas um bom camargo me aquentou o lombo.

Virge do ceú!
Que invernia de rengueá bugio,
vamos pra lida pra ver no que dá
que eu sou do Juá e não refugo o frio.

Ouvi na rádio, na voz do Monarca,
que o tempo marca pra baixo de zero.
Já fui tropeiro lá em São Joaquim
e um friozinho assim eu nem considero.

Trouxe um gadanho lá do Pai Bitú,
que os tucurus tão tomando conta.
Na foice eu faço meu aquecimento
abro um loteamento e deixo a roça pronta.

Depois encilho o meu redomão,
sentá os "garrão" dá um suador.
Eu passo o dia neste pega e solta
e ainda dou umas voltas la no Apanhador.

Assim eu passo invernia afora,
mangas de fora, vida bem faceira,
se sobra uns trocos me vou lá pro Salto
aquentar os quartos dançando rancheira.