RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sexta-feira, 1 de junho de 2012

AMANHÃ, 4º ENCONTRO DE MULEIROS

DA SERRA GAÚCHA
Amanhã, 02 de junho, acontece o quarto Encontro de Muleiros da Serra Gaúcha em comemoração do Centenário da Capela do Divino de Vila Seca, Caxias do Sul. A concentração terá início na Praça Padre João Schiavo, Fazenda Souza, onde será servido um café tropeiro com frutas da região e pinhão. Em seguida será inaugurado o Marco da Rota dos Tropeiros de Fazenda Souza. As 9 hs, saída em direção a Vila Seca onde será descerrada uma placa comemorativa do Centenário da Capela do Divino em homenagem aos tropeiros açorianos que difundiram a devoção do Divino Espírito Santo na região. Logo em seguida ocorrerá a abertura da Festa do Pinhão de Vila Seca. Na parte da tarde, retorno a Fazenda Souza.

EM FACE DESTE ENCONTRO, UM POUCO SOBRE MULAS

Como hoje é dia de dezenas de cavalgadas desbravarem as trilhas do Rio Grande e como burros e mulas voltaram a ser muito utilizados nestes eventos, vamos falar um pouco sobre estes animais.

Embora a mula e o burro sejam animais cheios de problemas em relação á docilidade, em face de que seus pais são de espécie diferente, cujos descendentes são estéreis, (a mãe é uma égua e o pai um jumento) a mistura acaba dando certo proporcionando um animal forte e de ótimo cômodo para a andadura. A mula (ou burro, se for macho, já que mulo não existe) é resistente e boa para o serviço, mas não se reproduz. A união entre o jumento e a égua é estimulada porque o burro é um animal apropriado para trabalho pesado.

Foram através destes animais, principalmente da mula, que o tropeirismo se desenvolveu abrindo picadas em lugares inóspitos e de difícil acesso : No lombo da mula começa nossa história mais recente.

Do cruzamento entre o burro e a égua (ou da besta com o cavalo) nasceram as mulas. Da união entre as mulas e o homem, surgiu o tropeirismo, que deu suporte para a economia aurífera até o desenvolvimento das estradas de ferro. A explosão do ouro na região onde hoje é o Estado de Minas Gerais, em meados do século 18, fez com que aumentasse a necessidade de levar mantimentos para abastecer os pequenos povoados que começavam a crescer Brasil adentro. É aí que entra o tropeiro: espécie de caminhoneiro sem motor, que transportava mercadorias e alimentos para a região das minas, onde a agricultura e a criação de gado haviam sido proibidas pela Coroa para não dispersar a mão-de-obra do ouro.

Seguindo as trilhas dos índios ou desbravando novas rotas, as caravanas propiciaram o desenvolvimento de cidades – como Congonhas do Campo, em Minas Gerais, e Sorocaba, em São Paulo – e abriram caminhos do Sul ao Nordeste do Brasil. Mas, para que as mulas cortassem o centro do País em busca do ouro mineiro, era preciso buscá-las no Rio Grande do Sul. Só lá havia criações dos resistentes animais, trazidos ilegalmente de Montevidéu.

Numa dessas viagens pelo Sul, um tropeiro ganhou fama por sua bravura: Reinaldo Silveira. Ele saiu com mais sete peões de Ponta Grossa, no Paraná, rumo a Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, para buscar uma tropa de 550 mulas. A viagem começou no dia 28 de julho de 1891 e acabou em 19 de novembro do mesmo ano. As estreitas estradas que beiravam abismos em que caminharam, os mais de 12 rios que atravessaram a nado e as canoas que construíram foram só algumas das agruras pelas quais os tropeiros passaram. Mas, 56 dias depois, voltavam sãos e salvos para casa. Tinham 22 mulas e 3 milhões de réis a menos. Os animais foram mortos ou perdidos. O dinheiro foi extorquido pelo governo em barreiras colocadas nas rotas das tropas, espécie de pedágio da época.

Esta é apenas uma das histórias das milhares que existem sobre o tropeirismo.