DAS VELHAS CASAS (Rodrigo Bauer)
Na casa velha que o progresso ameaça,
Restam os vultos de meus dias ternos;
Meu rosto jovem dorme na vidraça,
Nas noites vastas destes meus invernos...
No poço fundo, que guardei as sedes,
Vi tardes mornas a pedir janelas,
Fiquei, aos poucos, dentre essas paredes,
Por minha sombra que timbrou-se nelas!
A solidão é que entristece a casa,
Vai-se a mobília procurando o preço,
Os homens partem como quem tem asas
E, mesmo, as cartas mudam de endereço!
As altas portas, no soprar dos ventos,
Trazem lembranças que a saudade abrasa,
Fazem pensar, em tantos sentimentos,
Que são humanas estas velhas casas!