CONVITE: Em 2025 vamos reviver os velhos tempos?

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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

PERDIDO EM PAGO ALHEIO

Caros leitores:

Hoje estou subindo a serra para dar uma mão para a Tia Neiva no Rodeio de São Francisco de Paula (que começou ontem e vai até domingo) na função de jurado em alguns concursos artísticos. Aproveito a olada para matar a saudade de antigos amigos e rever o Parque Davenir Peixoto Gomes, a Balança, onde aprendi de tudo sobre o gauchismo puro e verdadeiro. O pessoal vai aproveitar a minha ida a São Chico e promover uma reunião dos Cavaleiros da Neve, grupo de andanças a pata de cavalo, dos quais fui um dos fundadores.

Como vou ficar envolvido estes três dias (sexta, sábado e domingo), não terei uma vasa para o computador. Portanto, deixo para os leitores esta postagem sobre minha ida, no mês passado, ao velho mundo. Talvez tal postagem não desperte interesse algum a nível geral (e até pensei duas vezes se postava ou não). Contudo, devido ao fato de ver pessoalmente o dia-a-dia da grande crise econômica européia, somando com alguns aspectos culturais e diminuindo pela minha aparição em algumas fotos, podemos dizer que alguma coisa se aproveita.

Falando sério: É a visão pessoal de um latino americano em relação a cultura, aos costumes, ás tradições, de três países da Europa (Portugal, Espanha e França) em seu momento atual onde muito se discute sobre a real praticidade da União Européia.

Segunda-feira o blog volta ao "normal"!

O primeiro país europeu que um brasileiro deveria conhecer seria sua pátria mãe, ou seja, Portugal. E é justamente ali que a estima do povo está mais baixa devido a forte crise econômica que se abala sobre esta terra, sendo considerada a "bola da vez", logo após a Grécia. Para 2012 se prevê o pior ano das últimas 4 décadas. Agora, para o dia 22 de novembro (escrevi este texto no início de novembro), se prepara uma greve geral sem precedentes contra medidas do governo que cortaram vários benefícios adquiridos ao longo dos anos. Contudo, Lisboa continua uma cidade linda, segura e hospitaleira. Não vi mendigos por lá e o carinho com que é tratado o brasileiro continua o mesmo. Na foto, um dos pontos mais visitados de Portugal, a Torre de Belém, aonde o Rio Tejo desemboca no oceano, construída para proteger dos piratas as naus lusitanas que chegavam com riquezas das Índias e das Américas. Originalmente era rodeada pelas águas, hoje, há um aterro onde as pessoas podem aproximar-se.

Durante a ditadura de Salazar, diversos monumentos foram erguidos em Lisboa, como este de onde partiam os navegadores para seus descobrimentos. Neste memorial estão imagens de personagens que compunham uma expedição como marujos, soldados, poetas, escritores, pintores, religiosos... Para os portugueses, o grande nome da navegação deste país é Vasco da Gama. Pedro Álvares Cabral é pouco lembrado pois, segundo muitos, antes de Cabral "descobrir" o Brasil, diversas expedições já tinham andado por nossas terras. O "descobrimento" foi tudo arranjado para dar notoriedade a Cabral.

Mosteiro dos Gerônimos, a Ordem preferida do maior rei de Portugal, Dom Manuel, o venturoso. Aqui, estão concentradas as maiores riquezas oriundas de terras colonizadas, entre elas o Brasil. Aqui, estão os corpos de Luiz de Camões, o escritor de Luzíadas, e do navegador Vasco da Gama. Aqui, também, foi criada a receita dos famosos e deliciosos "Pastéis de Belém". Quando da extinção da Ordem dos Jerônimos, tal receita foi transmitida a uma única pessoa. Hoje, três pessoas conhecem os segredos de tal guloseima que é vendida, aos borbotões, a duas quadras dali. Essas três pessoas detentoras da receita, jamais saem juntas para evitar que ocorra um acidente e o segredo morra junto com seus conhecedores.

Praia de Cascais, na região de Cintra e Estoril, a poucos minutos de Lisboa. Por aqui, o técnico Luiz Felipe Escolari morou quando treinador da Selação Portuguesa. Por aqui, também, seria o local que eu escolheria para residir, de todos que visitei.

Santuário de Nossa Senhora de Fátima, ainda em Portugal. É um local que transmite uma paz de espírito impressionante. A construção a esquerda da foto mostra o local exato em que, em 3 de maio de 1917, a santa fez a primeira das cinco aparições as três crianças pastoras de ovelhas. Os restos mortais dos três estão na catedral. Fui com a camisa do Grêmio pedindo que baixe uma luz sobre os diretores do clube e façam, para 2012, um time de verdade.

Madri é uma cidade muito bonita, deslumbrante. Parece que, por aquelas ruas, cafés, monumentos e prédios medievais, o tempo parou. O povo madrilenho, apesar de bairrista (por fruto das guerras detestam os franceses)é muito acolhedor. A Espanha também enfrenta grande crise. Com 20% de desempregados e a corrupção campeando solta, não vai demorar muito para uma grande crise estourar. Na foto, a Plaza Del Touros, em Madri. Algumas regiões da Espanha, como Barcelona, já proibiram as touradas. Em Madri, por ser uma ferrenha tradição desta capital espanhola, isto dificilmente acontecerá. Ocorrem três touradas por domingo. Na flagrante acima, pensei que os turistas estavam tirando fotos minhas pois, na juventude, cansei de pegar "touro a unha" lá por São Chico de Paula. Na verdade, fotografavam o monumento a um toureiro que, aos 20 anos, recebeu a maior honraria que um ídolo deste esporte pode receber, ou seja, após uma brilhante tourada, adentrar, por vontade do povo, pelo portão principal da Plaza, nos ombros de seus auxiliares.

Homenagem em bronze a Antônio Bienvenida, um dos maiores toureiros da história, adentrando, nos braços de seus auxiliares, no portão principal da Plaza, uma honraria concedida a poucos. Segundo informações da guia local, uma ferrenha defensora deste esporte, os touros são criados especificamente para uma única tourada pois, sem piedade e sob apulpos do público, são exterminados na própria arena, ao contrário de Portugal, onde são mortos longe das vistas do povo. Não concordei muito com o entusiasmo da guia madrilenha, mas não quis fomentar um debate.

Diante do Santiago Barnabéu, a casa do Real Madrid que, ao lado do Barcelona, é o time mais popular e mais rico da Espanha. O estádio, com capacidade para 85 mil pessoas, vai passar por um processo de reformas. Ali, eu tirei a famosa foto com o goleiro Casillas. É uma montagem (você escolhe qualquer jogador para fotografar) que custa 12 euros.

Botas que cruzaram rios e varzedos do Rio Grande pisando no Km 0 da Espanha, bem em frente a Prefeitura de Madri. Esta cidade (Madri) é deslumbrante, arborizada, tranqüila e, com toda a certeza, me daria bem por ali. Tenho sangue lusitano mas a proximidade com os países do Plata me fazem admirar a cultura espanhola, muito parecida com a nossa do sul do Brasil.

As margens do Rio Tejo, protegida por encostas naturais e muralhas erguidas pelos romanos 200 anos antes de Cristo, fica a cidade de Toledo, primeira capital da Espanha e que foi motivo de lutas entre cristãos, muçulmanos, visigodos e povos nórdigos vindos da Alemanha. É um local diferente que te transporta no tempo. Ruas estreitas, ladeiras, casas de cor ocre ainda com marcas de bala da revolução espanhola produzida pela ditadura Franco. O lugarejo de 11 mil habitantes mais parece um site de filmes medievais. O turismo e o comércio de espadas sustentam a população local. Como faço coleção de arma branca, trouxe uma espada Luiz XIV que me custou trinta e nove euros. Ao alto o castelo que abrigava os reis espanhóis, hoje transformado em um convento. Toledo foi tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico.

Com este senhor, na cidade de Burgos, ainda na Espanha, obtive notícias do meu Rio Grande velho.

Estas ruas compõe a faceta de uma cidade especial: San Sebastian. Fica a 15 km da fronteira da Espanha com a França e é a "capital" de uma das três províncias que integram o "País Basco" que, há anos, tenta sua independência da Espanha. Passamos por lá dois dias após a ETA, braço armado dos Bascos, rovucionários e violentos, terem declarado ao mundo que abandonariam a luta armada, coisa que a maioria dos espanhóis não acredita. Há pouco tempo, entre vários de seus ataques terroristas, explodiu uma bomba no metrô de Madrid causando mais de cem mortes. O radicalismo é tão grande que o time local, o Real Sociedade, da primeira divisão espanhola, não aceita jogadores que não tenham origem Basca. Seu goleiro, é um padeiro local.

A cidade de San Sebastian é por demais bonita. Litorânea, cosmopolita. Se não soubéssemos que ali é o berço da guerrilha, nem notaríamos. As pessoas andejam e proseiam alegremente pelas mesas dos bares que invadem as calçadas. Acima da minha cabeça, no alto da colina, com uma vista deslumbrante de toda a baía, fica o hotel em que pernoitamos. Algo de tirar o fôlego.

Resolvi tocar no assunto do separatismo com nossa guia local já esperando que ela fugisse do tema. Ao contrário, se mostrou uma separatista convícta e contou-me toda a história onde, desde as invasões napoleônicas, esta região sofria na pele ser fronteira com a França. Lutavam, peleavam, morriam em nome da Espanha, sem nunca terem um reconhecimento da pátria castelhana. Esta é a grande mágoa dos Bascos. Contou-me, a guia que não lembro o nome, que consideram-se, os Bascos, um País, com presidente, parlamentares, enfim, governo próprio, embora não sejam reconhecidos, oficialmente, por nenhuma outra nação do mundo. Na foto acima, na prefeitura de San Sebastian, um cartaz contra a luta armada.

Enquanto todos ouviam as histórias de San Sebastiam e fotografavam as belezas desta cidade litorânea, minha câmera voltou-se para um namoro no gramado de um palácio real hoje transformado em museu. A coisa foi evoluindo e...opsss! Melhor voltar ao assunto viagem!

Agora adentramos, pelo sul, na França. É uma região agrícola com extensas plantações, principalmente de uvas para a famosa espumante francesa e com centenas de magestosos castelos (mais de 300 estão catalogados). Esta "humilde" construção da foto (Castelo de Chambord) foi erguida somente para abrigar a magestade e sua côrte durante a temporada de caça de javali. Considero esta "chapa" como uma das mais bonitas que já tirei.

Diante da Torre Eifel, uma estrutura de ferro de 324 metros de altura, erguida em 1889 e que hoje é o ícone da França sendo o monumento pago mais visitado do mundo. Existe um elevador que leva os turistas até o topo com uma vista maravilhosa de Paris (segundo me falaram pois nem pago eu subiria neste andaime. Sou muito homem, mas com os pés do chão). Com toda sua beleza e importância, por ali temos que ter um cuidado muito grande com os batedores de carteiras.

Paris é, realmente, uma cidade linda. Linda não, muito linda. Seus prédios são retilínios, com uma altura limitada e de uma cor de granito, pedra com que foi erguida. Com mais de 11 milhões de habitantes é uma cidade tipo Nova York, ou seja, universal, com gente de todo o planeta andando por aquelas ruas famosas pelo charme e o "glamour". Talvez por ser assim, um local onde seus prédios tem uma característica única mas seu povo seja missigenado, falta, ao francês a hospitalidade que vi em Portugal e Espanha. Por ali (Paris) tudo é motivo de reverências como o Hotel Ritz (foto) na Praça Vendôme. Deste hotel, o mais caro de Paris, Diana, a Princesa de Gales, junto com seu namorado Fayede, em 30 de agosto de 1997, saiu para morrer em um túnel próximo, fugindo dos paparazzi franceses.

Outro local de intensa visitação (levamos uma hora e meia para entrar) é o Museu do Louvre. No ano de 2009 teve 8,5 milhões de pessoas ingressando por suas catracas, sendo considerado além de maior e mais importante, o museu mais visitado do mundo. Um dia não basta para conhecer todas as obras que compõe suas galerias. Atrás deste que vos escreve, no pátio central, aparece a pirâmide de vidro, muito contestada quando de sua criação devido a falta de harmonia com o prédio. Esta pirâmide é a linha central do eixo histórico das avenidas de Paris. O Louvre, inicialmente, era um palácio real.

Entre milhares de obras de arte do Museu do Louvre como artefatos do Egito antigo, estão pinturas de valores inestimáveis como Vitória de Samotrácia, Vénus de Milo e a mundialmente famosa La Gioconda, mais conhecida como Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, pintada em óleo sobre madeira, em 1503. Em 1511 a tela foi roubada e acusaram, inclusive, o pintor Picasso como autor do furto. A pintura apareceu, posteriormente na Itália, com um funcionário do museu, verdadeiro ladrão da obra. Anos mais tarde, um psicopata jogou ácido sobre a tela que levou tempos para ser restaurada. Atacar a Mona Lisa é atacar a França. Em 2009 uma russa jogou café no quadro porque não obteve cidadania francesa. Devido a estes fatos a obra mais famosa do mundo recebeu uma proteção de vidros a prova de bala e sensores contra roubo. Notem o batalhão de fotógrafos diante do retrato. É um quadro pequeno que não deve ter mais do que um metro de tamanho.

O Palácio de Versalhes foi o último reduto da monarquia absolutista da França, ou seja, o fim dos reinados. Este local (um dos mais opulentos que conheci), na Revolução Francesa de 1789, foi invadido pelo povo que exigia outra forma de governo. O rei Luiz XVI e a rainha Maria Antonieta foram "julgados" e decapitados na guilhotina. O Palácio de Versalhes foi construído pelo rei Luiz XIV (o Rei Sol) aonde seu pai, o rei Luiz XIII, mantinha um pavilhão de caça numa área rural perto de Paris, em Versalhes, que na época era apenas uma aldeia. Em 1682, quando pronto, o rei (Luiz XIV) abandonou o Palácio de Louvre (hoje Museu de Louvre) para, com toda a côrte, ir morar no Palácio de Versalhes.

Considerado um dos maiores do mundo, o Palácio de Versalhes tem 700 hectares de jardins, 1.250 laleiras, 1.200 quartos e NENHUM BANHEIRO! Isto mesmo, nenhum banheiro. Seus moradores faziam as necessidades em uma vasilha, em meio a rodas de conversas, e seus dejetos eram jogados pela janela. Quando o cheiro ficava insuportável, a côrte trocava de palácio por uns seis meses para uma desinfetação e... seguia o baile. Na foto apareço em um dos diversos jardins do palácio. A camisa do grêmio é para dar uma visão mais bonita a imagem.

Esta mesa encontra-se na Sala dos Espelhos, um ambiente com 73 metros de comprimento e 12 metros de altura, iluminada por dezessete janelas que tem a sua frente espelhos que refletem a vista dos jardins. Nesta mesa, foi ratificado, em 1919, o Tratado de Versalhes, pondo fim a primeira guerra mundial.

O Palácio de Versalhes é um dos pontos turísticos mais visitados da França. Recebe em média 8 milhões de turistas por ano. Tudo mantem-se muito bem conservado. Esta cama da foto acima, pertencia a Rainha Maria Antônieta, esposa do Rei Luiz XVI. Na invasão do palácio pelo povo, por ocasião da Revolução Francesa, ela tentou fugir por uma porta lateral. Oito meses depois, foi decapitada em praça pública. O rei tinha seu quarto exclusivo, assim como suas amantes. Seus súditos tinham o direito de vê-lo dormir, acordar, fazer suas necessidades...

A basílica do Sagrado Coração (em francês, basilique du Sacré-Cœur) é o símbolo do bairro de Monte Martre, o bairro boêmio de Paris, no ponto mais alto da cidade. Um dos monumentos mais visitados da França, a basílica tem o formato de cruz grega adornada por quatro cúpulas, incluindo a cúpula central de oitenta metros de altura. Dois bondinhos levam os turistas até o local. Por ali, depois de 18 dias, encerramos nossa andança pelo velho mundo saboreando um pato ao molho de laranja, já com o peito tapado de saudade da inigualável Porto Alegre.