RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

"AÍ QUE EU ME REFIRO, JOCA MARTINS"

Quando fui jurado no 18º Carijo da Canção Gaúcha, festival nativista de Palmeira das Missões, isto lá por junho de 2003, ao analisarmos as mais de 600 concorrentes para a triagem, sempre que o grande gaiteiro Sérgio Rosa (meu parceiro de comissão avaliadora) gostava de uma composição, ele dizia: - aí que eu me refiro! Aquilo foi martelando minha cabeça.

Posteriormente, durante o evento, notei que diversos artistas usavam a mesma terminologia para reafirmarem de qualquer coisa que haviam gostado. Vi, então, que era o jargão da moda na região.

Pois o grande cantor nativista Joca Martins de tanto fazer uso do bordão, teve a iniciativa e “adotou” o termo. Hoje em dia a frase “aí que eu me refiro” cruza fronteiras ligada ao nome de Joca Martins, inclusive sendo motivo de reportagem do maior jornal do Rio Grande do Sul, Zero Hora. O grande intérprete que, certamente, já deve ter patenteado o bordão, lançou uma variedade de produtos aonde está estampada sua marca. Tais mercadorias podem ser adquiridas através do Bolicho do Joca (jocamartins@jocamartins.com.br).

Seguindo na prosa. Por diversas vezes já escrevi, até em forma de poema, sobre “amigos” que não conheço pessoalmente. Gente que mora distante, alheia ás nossas relações pessoais, mas que, na hora da fumaça, se pode confiar. Pois o Joca Martins, tenho certeza absoluta, é um destes. Entre tantos defeitos que comporta minha carcaça, tenho uma virtude: boto o olho numa pessoa e sei de sua índole, de seu caráter, e sinto neste palanque de i’nhanduvá da cultura musical riograndense, humildade e parceirismo aflorando. A única vez que tive contato com o Joca foi na Semana Farroupilha, no Acampamento de Porto Alegre. Foram cinco segundos aonde pude dizer-lhe: - Sou o Léo, um entre seus milhares de fãs.

Musicalmente falando, se eu fosse produtor cultural, organizador de eventos ou coisa que o valha, andaria com o Joca Martins embaixo do braço, pois teria certeza que o meu festival ou espetáculo, seria um sucesso tanto de público quanto de qualidade musical.

Devo confessar que já fazia algum tempo que não comprava um CD. Tanto tempo que quando fui atrás de alguma novidade, ali na Multison, Rua da Praia com Borges de Medeiros, em Porto Alegre, onde sempre comprei meus discos e DVDs, a loja havia fechado.

Numa volteada por São Francisco de Paula, recorrendo os aguapés, fui na Discolândia, do meu amigo o bonjesuense Candinho, que outrora vivia da comercialização de discos gauchescos. Agora, o Cândido vende celulares e, num cantinho da loja, meia dúzia de CDs de verdadeiros heróis que ainda gravam suas canções sulinas.

Pois ali eu topei com o Joca Martins 25 anos, um trabalho de qualidade que beira o preciosismo musical. Com o amparo da gravadora ACIT, a obra é uma das mais lapidadas que já vi. Da gravação lá pelas charqueadas de Pelotas, andejando pelo repertório, pela escolha a ponta de dedos dos convidados, pela qualidade dos músicos e compositores, encarte, textos, fotos, enfim, uma resenha telúrica e campeira, deste que é, aos vinte cinco anos de carreira, o maior nome da atualidade no mercado musical riograndense.

É difícil, entre tantas canções com os perfis de clássicos, onde a gente percebe o sentimento encroado, a emoção exposta, escolher as preferidas. Mas desci a serra escutando, na minha conta umas quatorze vezes, o Bem Arreglado e o Sábio do Mate. Agora, a música de trabalho do CD é Por Causa das Pilchas, também muito boa.

Mas bueno. Quem desejar confirmar a veracidade de tudo que falei, ou quem já o conhece e queira, novamente, acalmar a alma, ouvindo sua interpretação terrunha, atávica e introspectiva, ao mesmo tempo, terá oportunidade se comparecer na Livraria Saraiva, do Praia de Belas Shopping (Av. Praia de Belas 1181 / 2º piso) em Porto Alegre, no dia 29/11, terça-feira, às 19h30 quando o Joca encerrará o programação de 2011 do Projeto Cantar Nativista, desta livraria.

Eu, se Deus quiser(e ele há de querer), estarei lá e se tiver uma vasa de cinco segundos lhe repetirei: - Sou o Léo. Um entre seus milhares de fãs.