RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

UNIVERSO FEMININO NAS CAVALGADAS

Texto: Joana Dias
Fonte: Luciana Heitelvan (foto acima, com a bandeira branca)

"Deus me privou da inveja e da vaidade. Aprendi que a felicidade mora nas coisas humildes. Eu gosto mesmo é de ficar aqui com meus cavalos e procuro mostrar aos mais jovens que o bicho possui uma enzima cujo poder agrega as pessoas". - José Márcio Carvalho Leite - Haras Caxambu/MG.

Com o intuito de mostrar um pouco do mundo das cavalgadas, a Cavaleira Luciana Heitelvan, da CCPP - Coordenação da Cavalgada de Prendas do Paranhana, da cidade de Taquara, no Rio Grande do Sul, contou ao INEMA sobre o valor sentimental que tem pelas cavalgadas, a participação das mulheres nos eventos, como manter o tradicionalismo atualmente, além de dicas para interessados em praticar a atividade.

História

A história de Luciana em cavalgar representa o seu apego com as coisas de sua terra, o Rio Grande do Sul. Outro ponto foi a paixão pelas tradições, o incentivo que teve de seu grande amigo, Sérgio "Gaudério" Barbosa, considerado um dos maiores tradicionalistas serranos.

O fator genético também é muito forte nela. "É o sangue que corre nas veias", ressaltou Luciana. Ela teve o exemplo de seu avô tropeiro "Bielo", um dos fundadores do C.T.G Querência de Canela/RS, cidade onde a cavaleira nasceu. "O meu pai, Mário de Oliveira Heitelvan, serviu na cavalaria quando esteve no quartel, na cidade de São Gabriel", contou Luciana, reforçando que realmente está levando adiante uma tradição.

Cavalgadas

"Nas cavalgadas, sinto-me muito mais perto de Deus. Integrando-me com a natureza, entrando nas matas perfumadas de flores silvestres e ouvindo o canto dos pássaros, a sinfonia das águas", revelou a prenda, sobre a sua emoção ao participar das cavalgadas.

Em um dos eventos que participou em Canela, Luciana presenciou a emoção de um senhor, que, em lágrimas, falou na passagem da sua comitiva de prendas montadas em mulas: "Eu pensei que nunca mais iria ver isso...", relembrou referente ao comentário do admirador.

Nos diversos lugares onde as cavaleiras tropeiam com seus cavalos, por onde passam sentem a energia hospitaleira dos habitantes daquelas regiões. Os moradores vão para as janelas, tiram fotos, correm para seus portões para ver o que está acontecendo, acenam para as cavaleiras dando as boas-vindas, interagindo no evento, tornando-o mais especial. É um contato fantástico com pessoas até então desconhecidas, mas que, naquele momento, passam a fazer parte da história. Este marco de recepção e hospitalidade traz emoção para todos aqueles que vivenciam o retorno às raízes.

A importância das mulheres

As mulheres possuem um papel importante nas cavalgadas. A tradição nesse esporte, de avós cavalgando com suas netas, mães levando suas filhas, ensinando como lidar com os cavalos, repassando as experiências de geração em geração. Para manter o tradicionalismo, segundo Luciana, "a mulher coloca-se como guardiã dos valores e esteio da família, em uma sociedade cheia de problemas e compromissos", conclui.
O sucesso das cavalgadas está em bem organizar. É necessário um trabalho sério, objetivando integrar-se com os moradores locais nos momentos das paradas. É utilizado um regulamento para o bom andamento do evento. Importante haver respeito para ostentar esse orgulho e levar o Rio Grande no lombo do cavalo. É preciso cuidado com o cavalo, respeitá-lo", revelou a cavaleira, sobre a repercussão do sucesso dos eventos, organização e tratamento para com os cavalos.

Para as mulheres que desejam começar a cavalgar e participar das cavalgadas com as prendas, Luciana responde com um trecho do livro "Cavalo para mim é um trono", de Eduardo Festugato:

Andar a cavalo & cavalgar

Equitar é ligar o próprio sistema nervoso ao corpo do animal, como se ele fosse extensão do próprio corpo. É comunicar-se com ele através das rédeas, bridões, buçais, cabrestos, mas também com as pernas, com a postura (posição do corpo), com o tom de voz.

Luciana é colaboradora assídua do Portal INEMA, trazendo sempre as notícias sobre as cavalgadas, sobre a sua terra e mostrando como é bom o modo simples de viver.