RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

DE COMO CANTAR UM HINO

Atendendo aos pedidos do Hilton Araldi, de Passo Fundo, do Sérgio Ramirez, de Marau e do Gustavo Mello, gaúcho morando no Pará, publico novamente a letra que escrevi intitulada De Como Cantar Um Hino, que, certa feita, já postei neste blog como adendo a matéria principal que retrata uma pesquisa dando conta de que o gaúcho prefere cantar o Hino Riograndense do que o Hino Nacional.

DE COMO CANTAR UM HINO
(Léo Ribeiro)

Apresilhado num lugar de fundamento
tremula ao vento o brazão do chão sulino
e um gaúcho com o sombreiro na mão,
com devoção mira o pano e canta o hino.

E o verso chucro ganha corpo e ganha espaço,
como um abraço contagiante, se adelgaça,
em cada olhar há um orgulho em si mesmado
de um passado retumbante que não passa.

Que “cosa” linda, meu “ermão”, “cosa” gaúcha!
Quando alguém puxa – como aurora precursora –
de boca em boca um atavismo se agiganta
pelas gargantas que de berço são cantoras.

No céu aberto, num palácio ou num galpão
o canto-chão é troado a toda voz.
Hino crioulo é a nossa estampa musicada
e não há nada que retire isto de nós!


Poema escrito nos cativeiros farrapos,
conta os relatos de façanhas e bravuras
e traz no bojo as visões de liberdade,
identidade que forjou nossa cultura.

Dizem que a dor não se guarda na memória
e que a história é escrita por quem vence,
da nossa gesta sem derrotas, sem vitórias,
ficaram glórias neste Hino Riograndense.

Berro de touro, sons de gaita e poesia,
rancho em família, festivais de tradição,
céu azulado, campos brancos, sol de sangue,
tudo é Rio Grande na mais rude comunhão.

Um pago assim tem que ter um verso forte
pra que suporte o porvir de um mundo novo.
Não levem a mal este jeito tão vibrante
e que outros cantem como canta o nosso povo.