RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quarta-feira, 13 de julho de 2011

SE O GUAÍBA FOSSE NA CHINA

Há uma semana, o governo da China inaugurou a ponte da baía de Jiaodhou, que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao (foto). Construído em quatro anos, o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e custou o equivalente a R$2,4 bilhões.

Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em Ponte Alegre, uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma Rousseff. Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio deverá ficar pronto em quatro anos. Com 2,9 quilômetros de extensão, vai engolir R$ 1,16 bilhões.

Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer algumas comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. Na edição desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou o espantoso confronto numérico resumido no quadro abaixo:

EXTENSÃO
CHINESA: 42 km - GUAÍBA: 2,9 km

CUSTO TOTAL
CHINESA: R$ 2,4 bi - GUAÍBA: R$ 1,16 bi

CUSTO POR KM
CHINESA: R$ 57 mi - GUAÍBA: R$ 400 mi

TEMPO DE CONSTRUÇÃO
CHINESA: 4 anos - GUAÍBA: 4 anos

TEMPO DE CONSTRUÇÃO POR KM
CHINESA: 35 dias - GUAÍBA: 503 dias

Os números informam que, se o Guaíba ficasse na China, a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$ 170 milhões. Se a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria prazo para terminar e seria calculada em trilhões. Como o Ministério dos Transportes está arrendado ao PR, financiado por propinas, barganhas e permutas ilegais, o País do Carnaval abrigaria o partido mais rico do mundo.

Corruptos existem em qualquer lugar. A diferença é que o Brasil institucionalizou a impunidade. Se tentasse fazer em outros países uma ponte como a do Guaíba, alguns políticos da pátria verde-amarela e seus parceiros saberiam que o castigo começa com a demissão e termina na cadeia (no caso da China, na morte).