No dia 14 de junho de 2011 recebi um e-mail de meu amigo o tradicionalista Hilton Luiz Araldi, de Passo Fundo, recomendando-me a acessar o site www.semanafarroupilha.com.br aonde tinham sido aprovados os projetos dos carros alegóricos para o Desfile Temático da Semana Farroupilha 2011.No dia seguinte, meu também amigo e tradicionalista Carlos Homrich fez contato para saber o que eu achava de ter um carro alegórico representativo da maçonaria e se isto não iria expor demais a Ordem Maçônica.
No que lhe respondi:
- Mano Carlos. A Arte Real tem segredos centenários que jamais chegarão ao mundo profano. O que se sabe sobre a Ordem, são coisas supérfluas que se encontram em qualquer livraria. O teor, os fundamentos, só o maçon carrega consigo. O que realmente me preocupou, em relação ao desfile, foi á interpretação dada ao carro que espelha a participação maçônica na epopéia farrapa (foto acima). Aquilo mais parece uma cama com duas pessoas tapadas com a bandeira riograndense. O que irão supor os leigos ao olharem esta alegoria passar?
Entendo que todos devam saber da importância da maçonaria neste conflito histórico porque, por pertencerem a Ordem Maçônica e seguirem seus preceitos basilares, os comandantes, imperiais e farroupilhas, tornaram este embate uma guerra mais justa, mais honrada. Alguém ouviu falar em assassinatos de prisioneiros? Em carnificinas? Em degolas?
Mal comparando, e para se ter uma idéia, em quase 10 anos de enfrentamentos morreram tão somente em torno de 2 mil homens, de ambos os lados. Já na Revolução Federalista, entre maragatos e chimangos, em menos de dois anos de lutas entre irmãos, pois eram todos gaúchos, feneceram mais de 10 mil homens. Adão Latorre, o maragato degolador, no combate do Rio Negro, em Bagé, passou a “folha” em mais de 300 pescoços de "pica-paus" feitos prisioneiros. Em represália, no Combate do Boi Preto, em Palmeira das Missões, 250 maragatos receberam o corte na jugular. Ali a maçonaria não estava presente.
Isto tudo deve ser mostrado, mas de uma maneira criativa e instrutiva ao mesmo tempo. Fatores que o carro em questão não tem.
Mas parece que não estou sozinho nesta inconformidade, pois recebi mais de 20 e-mails e TODOS de pleno acordo com a minha posição discordante.
Para finalizar, como gosto da cultura como um todo e me defendo em artes plásticas, deixo uma sugestão aos encarregados dos carros: Retratem o Monumento aos Maçons Imperiais e Republicanos (foto abaixo) erguido com altivez ali na Ponte da Azenha, local da invasão de Porto Alegre. Seria muito mais atrativo e, sem dúvida, de maior valia!
E, de graça, dou uma dica aos projetistas: As colunas tem que dar a idéia de altitude, de amplidão, de força e beleza. Não podem ser postadas como alicerce, como as que aparecem no carro.
Gracias
Léo Ribeiro
