Ontem, quinta-feira, eu estava ouvindo um programa esportivo por demais conhecido, com várias décadas ininterruptamente no ar, líder de audiência, quando um dos decanos do programa disse o seguinte: - Estou voltando ao programa depois de alguns dias convalescendo de enfermidade, recuperando-me de uma cirurgia aonde foi-me retirado um tumor cancerígeno do tamanho de uma bola de ping-pong (as palavras talvez não tenham sido exatamente nesta ordem, mas o sentido foi este).
- Neste período – continuou o carismático jornalista – não recebi nenhuma visita e nenhum telefonema de vocês, companheiros que convivo diariamente há mais de 30 anos. Quero dizer com isto, que eu tenho milhares de colegas, mas amigos, muito poucos. Houve um silêncio sepulcral e constrangedor.
Parece que o nobre radialista estava falando aquilo para mim. Botei o chapéu que me caiu como uma luva.
Há quanto tempo não ligo para um amigo? Será que estão todos bem? Quais as suas necessidades?
Dá mesma forma, poucos me telefonam ou me procuram, afora pelos seus próprios interesses.
Contudo, e sem querer tirar o corpo fora pois faço aqui uma mea culpa, por vivenciar o corre-corre de uma cidade grande, não sobra muito tempo para "pequenas coisas" que, para muitos, podem ser muito importantes.
Sobre este assunto (amizade) um dia escrevi uma poesia em que um verso diz assim:
Mário Quintana escreveu
que até sentia saudades
de alamedas da cidade
qu'ele jamais conheceu.
Pois existem amigos meus
que não vejo, não visito,
é um sentimento esquisito
pois mesmo longe, afastados,
sinto que estão do meu lado,
que não andejo solito.
É isto aí. Um abraço a todos os meus amigos.
Foto: Site Inema
