RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

quinta-feira, 31 de março de 2011

O MOTTA VAI CASAR. O QUE EU DIGO?

Certa feita vi um filme com um enredo muito interessante. O ator George Clooney interpretava um personagem (não lembro o nome) que ficou rico e famoso fazendo conferências nos Estados Unidos e Europa sobre a importância das pessoas viverem sozinhas, sem laços afetivos, e o gozo da vida, em dobro, que os solitários adquiriam, bem como o aumento de produtividade no trabalho oriunda da individualidade.

Não preciso dizer que o palestrante era solteirão e sem filhos.

Ao fim de cada palestra, devido a sua capacidade de convencimento, ocorria alguns murmúrios e muitos aplausos, até de gente casada há vários anos.

Abria-se, então, o tempo para perguntas e debates que eram, em geral, parecidas e o personagem tinha respostas para tudo.

- Você, com certeza, não tem filhos – questionava um homem, de braço levantado – quem vai te amparar na velhice?

Ao que nosso personagem respondia: - Ninguém. Basta ter um bom plano de saúde. Meus pais colocaram meus avós em abrigos, eu e meus irmãos colocamos nossos pais em abrigos, posso ir muito bem, sozinho, para um abrigo. Além disto, quando você se estabelece na vida, na hora de aproveitar, tem que passar a viver os problemas dos filhos, ou seja, você padece em função deles.

- Mas e a convivência matrimonial? O amor, o carinho, a cumplicidade? – perguntava uma senhora.

- O amor, o carinho, a cumplicidade, podem existir a qualquer tempo, fora do casamento. Tua esposa pode ser infiel, te trair com pessoas mais novas, com colegas, com amigos... O homem, então, é machista e leva isto para o casamento, traz em seu instinto a malícia, a traição, diz coisas que ferem...

Deste modo o personagem ia, de cidade em cidade, sem vácuos na agenda, lotando teatros com sua filosofia. Até que um dia foi convidado, como padrinho, para o casamento de sua irmã mais nova em Orlando, na Flórida. Ao que foi muito contente.

Na noite anterior ao casamento, na despedida de solteiro de seu futuro cunhado, que ficou conhecendo naquele dia, depois de ter tomado uns whiskys a mais, o solteirão, pensando estar em uma sala de conferências, sem querer fez uma lavagem cerebral no futuro marido de sua irmã enumerando os malefícios do casamento.

No outro dia, na hora do matrimônio, igreja lotada, noiva no carro esperando para entrar e o noivo não aparecia. Estava, ele, na ante-sala da paróquia, tremendo, se recusando a casar, pensando nos ensinamentos daquele que seria seu cunhado.

A noiva, desesperada, aos prantos, sabendo do ocorrido na noite anterior, procurou o irmão conferencista para tentar desfazer o mal feito. Em minutos o personagem teve que reverter suas convicções e convencer seu ex-futuro cunhado a subir ao altar. E conseguiu, vindo a concluir que tudo aquilo que pregava era uma fuga.

Nunca mais, a partir dali, fez conferências sobre o viver em solidão sendo que ele mesmo conheceu uma moça na festividade e acabou casando e tendo filhos, já cinqüentão.

Agora o Motta, um amigo meu, boêmio, gaudério, já maduro, resolveu casar e quer a minha opinião.

Não sou um conferencista em favor da solidão (embora, talvez, eu convivesse bem com ela) e penso que o casamento, a família, ainda são o alicerce da humanidade. Por isto, meu parceiro, case-se e, principalmente, tenha filhos. Eles seguram muitas barras. As crias são a razão de tudo e se um dia te colocarem em um abrigo, continue os querendo bem. Feliz Núpcias, Motta velho!

Texto de: Léo Ribeiro