RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

ABRE TEU OLHO, GAUDÉRIO!

Costela (gorda) com picanha. Um convite aos entupimentos

Se tem um assunto que detesto prosear é sobre doença. Se me dessem o poder de fazer um pedido eu terminava com as doenças. As pessoas morreriam dormindo, ou peleando, ou namorando, mas jamais de enfermidades.

Mas venho tocar no tema porque talvez possa estar ajudando. Na minha penúltima cavalgada, em Caxias do Sul, debaixo de frio e chuva, dormi encharcado, sobre os pelegos molhados, os pés quase congelando. Resultado: uma pneumonia que me deixou três dias de cama, com febre beirando os 40º. Na minha mais recente tropeada, como já relatei aqui, tive um ataque de asma que quase morri. Cruzei a madrugada acordado com o peito que parecia uma briga de gatos.

Pois nesta mesma cavalgada tivemos um enfarto em plena jornada e longe de qualquer recurso (eu não tinha falado antes pois queria autorização). O meu querido mano e amigo Telles, figura humana nota 10, passou mal na tarde de sábado. Agüentou o tirão até a madrugada de domingo quando veio bater no Hospital de Caridade de São Francisco de Paula. Dali ganhou estrada, de ambulância, para os catres do Instituto de Cardiologia, na capital. O cagaço foi grande, mas o Telles, graças ao Supremo Arquiteto, já está em casa, ali em Canoas (sob monitoração).

O que eu quero dizer com isto, e que sirva de alerta, é que nós, gaúchos gaudérios, corremos um alto risco de um pirepaque no Bobo “Veio” (coração). Nosso sedentarismo é enorme. È costela gorda para lá, fumo e canha para cá, noitadas, intempéries e o corpo vai ficando esgualepado.

O gaúcho gaudério, não é dado á educação alimentar. A carne branca que tenho comido é toucinho assado. Peixe é coisa para japonês e frango é comida de pobre. Salada? Só de mondongo e a única coisa que empurro para o estômago em formato de massa, é tripa-de-porco sapecada. Vê se pode?!

Exercícios físicos? “Cosa de loco”. Só se for cuspe á distância ou escorar balcão de bar. A gente brinca, mas é a mais pura verdade. Achamos que a desgraça só acontece com os outros, mas a bola já está batendo na trave e quando nos dermos por conta a coisa ficou osca (cinzenta) e o cavalo bateu os cascos com encilha e tudo.

Por estatísticas, mais confirmadas que potro crioulo filho de BT do Junco, a cada 90 segundos ocorre um enfarto no Brasil. No solo gaúcho, proporcionalmente, este índice deve aumentar.

A verdade, meus contemporâneos, é que já não somos mais crianças para certas proezas e uma revisão periódica nas peças fundamentais do corpo humano é sempre recomendável. Não vamos esperar arrombarem a porta para colocarmos trancas de ferro. Me aguarde doutora Carise!

A vida gaudéria é boa, mas não custa cuidar da carcaça