RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Recuerdos da companheirada e do velho parceiro (Mouro Negro).

terça-feira, 13 de julho de 2010

ENTRE AS GUITARRAS E AS FACAS

HÁ UM CORAÇÃO TAQUARENSE

“Canta Rio Grande, que no eco do teu canto
Se perpetua esta gloriosa tradição
E cada vez que sobe ao palco um canto novo
Canta o Rio Grande em fraterna comunhão


As mãos que com destreza trabalham o couro e a lâmina para transformar em facas campeiras, umas verdadeiras obras de arte, são as mesmas que escreveram “O Canto do Paranhana” (verso acima) e dedilham as cordas do violão para compor milongas, vaneiras e chamarras.

Na gaita piano ou gaita ponto os dedos rebuscam imagens campeiras no oficio que herdou do pai, o Tio Maneca, motorista por profissão, gaiteiro por opção, que em muitas tertúlias juntamente com o seu Nivaldo Altimayer, tocou e cantou clássicos gaúchos como “Que Linda é Minha Terra” dos Irmãos Bertussi.

Jorge Onofre da Silva, hoje o Jorginho das Facas, o filho de Manoel Boaventura da Silva e de Maria Ercilia da Silva, costureira de mão cheia de bombachas e vestidos de prendas, nasceu na cidade de Taquara em 18 de Março de 1961. Logo cedo, em 1976, começa suas atividades tradicionalistas no lendário e pioneiro CTG O Fogão Gaúcho, na mesma cidade, onde permaneceu até 1984, participando ativamente da invernada artística – participou da invernada de danças, do grupo de dança do facão, da chula e do malambo. Com doze anos aprende a tocar gaita e violão. - Foi com o pai que dei as primeiras “galopadas” nos instrumentos.

Tem nos músicos Noel Guarany, Raulito Barboza e Honeyde Bertussi a sua inspiração. Em 1986 descobre os festivais nativistas, sendo a 1ª participação no Acampamento da Canção de Campo Bom com a música Memórias de Um Rio. Neste mesmo ano é criado o Grupo Braseiro formado por Hélio C. Neto, Julio e Sandra Schimitt, Álvaro Villaverde, Zé Aguiar e Ralf Benzer. Jorginho participa do Grupo tocando Gaita e Violão. Recoluta, Ronco do Bugiu, Locomotiva da Canção, Gauderiada e Ciranda (premiado com a música mais popular “Cantares”) são alguns dos festivais em que participou. Jorginho um apaixonado pela lida campeira e o cavalo crioulo participou também da invernada campeira do Fogão Gaucho.

Em 1987 começa a trabalhar de cuteleiro, de forma caseira, para arrumar o cabo de suas próprias facas. Em 1993 decide que o trabalho com as “armas brancas” será sua profissão dedicando-se de forma integral a atividade.


Facas e bainhas artesanais com cabo de osso, chifre e madeira retratam um pouco da vida do campo. Para fazer uma faca leva em torno de dois dias entre trabalho com a lâmina e a bainha. Hoje as facas Milonga já são referencia em qualidade e exclusividade, pois cada trabalho é feito de forma personalizada. As facas são vendidas em todo o território nacional, sendo que diversas já foram levadas para o exterior por pessoas que visitaram o Estado.

Para conhecer mais das facas Milonga há o site http://www.jorgedasfacas.com.br/

Da coluna Buenas e Me Espalho, do tradicionalista Ubiratan Gulherme