RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sexta-feira, 4 de junho de 2010

CONFRARIA VERSO E PROSA

Integrantes da Confraria Verso e Prosa levando, através de sua arte, o seu carinho ao Lar das Meninas, entidade que abriga jovens menores em Santana do Livramento.

Numa época em que a poesia vai perdendo espaço para as correrias do mundo moderno e as entidades de cunho poético vão envelhecendo e terminando por falta de renovação, nos surge lá da fronteira com o Uruguai, na histórica e legendária Santana do Livramento de tantas pessoas ilustres, uma confraria de jovens poetas que pode ser a luz no fim do túnel para esta arte tão importante na cultura do Rio Grande.

Confraria Verso e Prosa, unção de poetas, declamadores compositores, que além do sangue versejador, corre em suas veias a preocupação social. Nenhum Gaúcho pode viver só para o tradicionalismo, virando o rosto para o cinturão de pobreza que cerca nossas cidades.

Essa gurizada de Santana, compondo e dizendo poemas como poucos nesta terra, são um nó-de-pinho que não deixa apagar nossa esperança de uma vida melhor através do verso, através do trabalho, através do humanismo.

Proseando com um de seus integrantes, Cristiano Ferreira Pereira, que, juntamente com Cláudio Silveira, ganhou a 3ª Querência da Poesia Gaúcha, de Caxias do Sul, com o poema Lições de Campo e Estrada, levamos aos nossos leitores como se forjou essa irmandade literária no garrão do Rio Grande.

O que é a Confraria Verso e Prosa?

Trata-se da união de um grupo de amigos que através da sua arte buscam propagar a cultura e os valores peculiares aos gaúchos, visando a elaboração de trabalhos bem fundamentados que visem retratar imagens positivas e reais da sociedade e do pampa, sem modismos ou populismos comerciais.

Destina-se a buscar a maior integração e ser motivo do encontro dos amigos, em reuniões festivas ou de trabalho, tanto para compor, como para ensaiar ou ainda a criação de eventos voltados a atuação artística, buscando angariar fundos para os mesmos através de promoções ou patrocínios obtidos para o coletivo dos elementos e não por individualidades.

Quando surgiu?

A Confraria Verso e Prosa surgiu de forma informal, por iniciativa de Juliano Moreno (músico e intérprete), José Cláudio Pereira – Zeca (poeta e declamador), Cláudio Silveira (poeta, pajador e compositor) e Cristiano Ferreira Pereira (poeta, declamador e compositor), em uma volta da cidade de Bagé, por ocasião da participação na Semana Crioula, justamente quando debatíamos a falta de eventos culturais e de trabalhos efetivamente focados no fundamento; não por acaso ao passar por Dom Pedrito. Foi no dia 02/04/2006.

Quem compõe a Confraria?

Além dos fundadores, fazem parte Ângelo Ribeiro Soares (poeta e músico), Jorge Luiz da Rosa Chaves (poeta e compositor), Abayubá Mendoza (declamador e poeta uruguaio – o “braço oriental” do grupo) e Fernanda Moreno (declamadora).

Somam-se todos os cônjuges, filhos, parentes e amigos do grupo, que auxiliam sobremaneira em equipes de apoio nos eventos e logística para festivais, entre outras tantas gauchadas.

Quais os eventos que já foram organizados pelo grupo?

O grupo já apoio inúmeros eventos, auxiliando na organização e logística, bem como equipes de avaliação, até mesmo fora de Santana do Livramento.

Organizou três edições do PARADOURO DA MÚSICA CAMPEIRA (“Onde as rimas e os sons do campo se encontram”), festival fechado ao público, que visa promover a integração entre músicos, poetas e intérpretes, na produção de músicas de cunho campeiro, num cenário de rara beleza, junto à nascente do Rio Ibirapuitã, em Santana do Livramento. Lá já surgiram trabalhos e parcerias premiados em diversos festivais no estado, inclusive vencedoras.

Cada edição do Paradouro tem uma segunda etapa, que é a apresentação pública das músicas, com caráter beneficiente. Entre outras entidades já foi beneficiada, por exemplo, o Lar de Meninas da cidade, entidade que abriga meninas menores de idade.

Está em fase de aprovação nos órgãos competentes nas esferas Municipal, Estadual e Federal, o 1º MARCO DA POESIA PAMPEANA, festival de poesia e declamação que será levado a efeito em parceria com o CTG Presilha do Pago, de Livramento, entidade que compartilha de valores convergentes ao do grupo. O evento deverá, obrigatoriamente, ter trabalhos de diferentes autores, intérpretes e amadrinhadores, com explícita abertura para trabalhos em língua espanhola, e valorização extra aos trabalhos de cunho campeiro.

Quais as participações marcantes e resultados obtidos pelos integrantes da Confraria?

Várias foram as premiações e andanças, mas cabe destacar que fomos abençoados em conseguir chegar a todos os lugares a que nos propusemos, independente de premiações, cujo objetivo maior era o registro de nossos trabalhos para a posteridade, somando em bons exemplos e o resgate de tipos, eventos, festividades ou paisagens peculiares aos fronteiriços, essas que muitas vezes víamos serem apresentadas de maneira destorcidas.

O maior resultado é, sem dúvida, o fato de haver o reconhecimento do trabalho individual e coletivo, cada vez maior, e a consciência de que visamos trabalhos de vida longa no cenário, sendo um somatório de aptidões com um objetivo comum: a preservação e valorização de nossa cultura, com a conquista valiosa de novos amigos e parceiros de causa.

Cristiano Ferreira, na foto em parceria com os poetas José Claudio Pereira e Claudio Silveira, junto com seu pai Jesus, que foi homenageado com o poema A Volta do Zé da Pinha, na 12ª Sesmaria de Osório