RETRATO DA SEMANA

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Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

terça-feira, 16 de março de 2010

ENQUETE - CAVALGADA DO MAR


Foto: LRS

Terminou hoje a enquete em que o blog fazia a pergunta: Você acha que a cavalgada do mar deve continuar? As respostas sugeridas eram: a)Sim b)Não c)Sim,em outra data d)Sim,de outra forma.

54 leitores participaram, sendo que o programa aceita apenas um voto por computador. Aqui o blog deve se penitenciar, pois houve falta de informações. Muitos visitantes da página, principalmente de fora do Estado, não sabiam do que se tratava (protestos, morte de cavalos e tudo o mais).

Os votos foram os seguintes:
a) Sim 14
b) Não 06
c) Sim, em outra data 06
d) Sim, de outra forma 28

Como podemos observar, a maioria dos participantes não quer que a Cavalgada do Mar termine, mas que seja realizada de outra maneira.

Muitos, através do chasque, mandaram mensagens de sugestões e, mesmo, de reclamações.
Entre estas, os questionamentos que aparecem em maior número são os seguintes:

1.O que é feito dos patrocínios da cavalgada? Não há uma prestação de contas!

2.Por que não repassar a organização da cavalgada para uma Região Tradicionalista do Litoral? Quem tem voz ativa na desconhecida “Associação Cavalgada do Mar” é apenas uma pessoa.

3.Porque o carro de som não divulga fatos históricos do roteiro (como sugeriu Paixão Côrtes) em vez de tocar, durante cinco dias, a mesma música exaltando o coordenador da cavalgada?

4.Como pode o representante dos cavalarianos responder a imprensa que “cavalo deve ser tratado como mulher, se não leva guampa”? Quem lidera um evento deste porte tem que medir o que diz para não comprometer a todos os participantes.

Agora a opinião do Blog.

A Cavalgada do Mar sofre de um grave defeito ao primar pela quantidade em detrimento da qualidade. Além do desconforto natural devido a fraca estrutura para todos, fica difícil, para não dizer impossível, para qualquer coordenação, controlar os excessos. É comum, no coice da cavalgada, no final da tropa, ver gente sem camisa, outros galanteadores dando cantada em banhistas, arrojando cavalo entre os guarda-sóis... Isto denigre a imagem de todo o cortejo que, na realidade, é um episódio bonito.

Achamos, como a maioria das pessoas, que o momento é de reflexão sobre o assunto e que a Cavalgada do Mar realmente precisa ser repensada. Contudo, muita coisa foi dita, pelos dois lados, com grandes impropriedades. Ex: Não é de responsabilidade da coordenação examinar cavalo por cavalo. Isto não existe. Quem participa de cavalgadas sabe que cada ginete é responsável por sua montaria. O cavalo pode estar bonito, reluzente, mas não estar delgaçado (preparado para a cavalgada). Quem sabe desta situação é somente o proprietário.

Pensamos, também, que as instituições protetoras de animais aproveitaram a visibilidade do evento e exageraram nos protestos. Não vejo a mesma determinação em relação aos cavalos de carroças magros, raquíticos, sofrendo maus tratos pelas ruas da cidade aos olhos de todos.


Foto: LRS

Entendemos que a Cavalgada do Mar é um evento singular, entretanto, quem está na areia da praia, nota uma certa insatisfação em grande parte dos banhistas que acham que aquilo não é hora nem local para tal desfile. É um contraditório que tem que ser respeitado.

Das mesma forma, o que disse um tradicionalista conhecido, que já participou da cavalgada, de que os dejetos dos animais são consumidos pelo mar em uma hora, também é inconcebível. Quem vai querer banhar-se junto a esterco? A retirada dos estrumes tem que ser feita, sim, e muito bem feita.

Como o assunto é polêmico e recebemos dezenas de manifestações contra e a favor, vamos postar dois depoimentos importantes.

O Primeiro é de alguém que participa da cavalgada pela primeira vez, sem os vícios de jornadas anteriores. Paulo Cremer dos Reis, que ao mesmo tempo, respondeu a um e-mail que circulou por aí intitulado Tempo de Matar Cavalos.

O segundo depoimento é do vereador de Porto Alegre Bernardino Vendruscolo, legislador, tradicionalista, que seguidamente apresenta projetos em prol de nossa cultura.

1º Chasque

Meus Irmãos de todas as querências,

Respondo somente hoje este e-mail (é tempo de matar cavalos) pois chegamos este final de semana da Cavalgada do Mar.

O Grupo Tradicionalista-Piquete Fraternidade Gaúcha, do qual faço parte, respeita a opinião de todos e defende o direito de serem expressadas.

Contudo, dizer que "é tempo de matar cavalos", creio que, além de ser uma frase muito forte, é generalização.

Mata cavalo aquele participante que não conhece ou ultrapassa os limites do seu animal, ou não o preparou adequadamente.

Como participante da Cavalgada, do meu ponto de vista, creio que algumas coisas deveriam ser modificadas na sua organização, principalmente com relação aos trajetos e estrutura oferecida quando das paradas (a coisa é tipo bicho), por vezes a cavalgada torna-se algo complicado, o que seria prazer e paixão pela tradição, transforma-se em superação de limites (salvo aqueles que possuem um apoio patrocinado ou com "bala na agulha" para bancar), isso vale para cavalos e cavaleiros.

A continuar da forma que está, creio que será o início do fim. Verifica-se isso pela quantidade de participantes que abandonam a cavalgada durante o percurso (isso ninguém menciona). Dizem que a cavalgada começa com 3.000 (?), na chegada creio que havia menos de 1/3 do número inicial. Em Arroio do Sal a debandada é grande.

A verdade é que a cada ano cresce o número de pessoas contrárias a cavalgada, fazendo com que a rejeição siga a galope!

Isso merece uma boa reflexão por parte dos organizadores, talvez ainda exista tempo para corrigirem os problemas, mesmo que tardiamente, pois estamos na 26ª edição.

Paulo Ricardo Cremer dos Reis - Capataz
Grupo Tradicionalista - Piquete Fraternidade Gaúcha - GORGS


2º Chasque

Cavalo não é automóvel

O gaúcho tem sua figura ligada ao cavalo, está no consciente humano universal, independe da vontade de quem discorda, basta conhecer a história gaúcha para aceitar esta condição. Porém, para que haja perfeita sintonia, tanto o homem como o cavalo deve ser domado, cada um a sua maneira. O cavalo não nasce para ser de pronto montado, ele precisa ser domado.

No meu tempo de guri, lá na minha Irai-RS, falar em domar era o mesmo que dizer “quebrar queixo”. Hoje, o animal é amansado e preparado de forma diferente, com menos violência. Por outro lado, o homem também deve ser, em outras palavras domado, ou seja preparado para a montaria. O homem do campo já traz ou formou pela vivência a sua doma. Mas, o homem urbano está mais ligado ao automóvel, que quando para, desliga e pronto!

Para melhor externar os cuidados que o cavaleiro deve tomar com seu animal, devemos rebuscar nosso passado no quartel de cavalaria, ao final das cavalgadas os soldados deveriam cuidar primeiro de seus animais, o homem ficava relegado ao 2º plano.
Considerando o evento da Cavalgada do Mar, me sinto no dever de sair em defesa do Comandante Vilmar Romera e de seus companheiros. Não podemos dizer que não lamentamos os óbitos dos animais, agora não se pode querer sentenciar o fim de um evento, hoje reconhecido e admirado no mundo, por incidentes isolados, se considerarmos sua grandeza.

Fatos negativos podem ser consertados, afinal também não é a primeira vez que ocorrem acidentes, já tivemos inclusive perdas humanas. O fato da imprensa dar grande destaque para o ocorrido servirá positivamente para o engrandecimento do conhecimento histórico. Com certeza o Comando, não só da Cavalgada do Mar, mas também de outros eventos, como Cavaleiros Farroupilhas, Cavaleiros da Paz, e tantos mais que poderíamos citar...

Pontos que entendo que devam ser reavaliados:
1º) A distância percorrida diariamente deverá levar em conta a temperatura do dia;
2º) A distância percorrida diariamente dependerá também das condições físicas do animal;
3º) O terreno a ser percorrido deverá ser levado em conta (por exemplo, a areia cansa mais);
4º) Adotar o sistema que a Cavalaria do Exército utilizava, onde Sargentos e Cabos acompanhavam na retaguarda e flancos para cuidar da disciplina dos exibidos, não deixando que os animais comessem ou bebessem qualquer coisa, com exceção dos bebedouros pré estabelecidos;
5º) Estipular que para cada número determinado de cavalos participantes, seja disponibilizado um veterinário para examiná-los, em razão de que muitos são animais que vivem confinados, obesos e sem preparo físico.
6º) Quanto ao aproveitamento melhor dos eventos, sugerimos que ocorram atividades que contem a história do mesmo, ministradas por técnicos direcionados apenas para este trabalho, nos vilarejos e cidades pelos quais a cavalgada passar;
7º) Os dejetos deixados pelos animais na praia deverão ser imediatamente recolhidos para evitar o desconforto dos veranistas.
8) Não dar destaques exagerados as autoridades políticas, evitando com isto que os adversários descarreguem em evento tão importante as suas divergências
Jamais podemos aceitar a idéia de terminar com evento de tamanha grandeza como a Cavalgada do Mar, por fatos graves e lamentáveis sim, mas que podem ser consertados.
Salve os cavalarianos que tombaram em defesa do respeito, da honra, da liberdade e da Pátria.

Salve os cavalarianos que mantém vivo as façanhas de outrora!

Bernardino Vendruscolo
Vereador – PMDB