terça-feira, 21 de janeiro de 2025

 

UMA PENA 



Realmente é uma pena. Por poucos dias Gildinho deixa de participar fisicamente do lançamento de uma obra que resume os cinquenta anos de história do conjunto Os Monarcas, grupo que ele foi fundador e diretor. 

Gildinho me falou que apostava muito neste livro e inclusive me convidou para prestar um depoimento neste trabalho bibliográfico, fato que aceitei com orgulho. 

O evento vai acontecer amanhã, 22, no CTG Sentinela da Querência, em Erechim, com programações que incluem uma apresentação do conjunto. 

De minha parte agradeço o convite (abaixo) e tenho convicção de que o Gildinho, aonde estiver, participará deste momento tão significativo. 
 
Texto que recebi junto ao convite: Mesmo com o coração enlutado pela partida do nosso eterno Monarca Gildinho, seguindo a vontade dele e com a plena concordância da família, lhe convidamos para o evento de lançamento do Livro: "Os Monarcas: 50 Anos! Meio Século de Paixão pela Música Tradicionalista Gaúcha"



segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

 

ROMÁRIO ARCE É TRICAMPEÃO

Festival Internacional de Doma e Folclore 2025  

de Jesus Maria, em Córdoba, Argentina. 



Categoria Crina Limpa
1° Romário Arce
Delegação: Jesus Maria
Pontos: 59.99


 

REPONTANDO DATAS - 20 DE JANEIRO 

NASCE DIMAS COSTA


No flagrante acima, Darcy Fagundes e Dimas Costa, 
na apresentação do programa Grande Rodeio Coringa, 
um sucesso radialístico da época


Num dia 2o de janeiro, de 1926, nasce em Bagé o poeta e radialista Dimas Nogues Costa.

O Xiru Divertido, como era conhecido, foi apresentador de programas regionalistas no rádio e televisão. Comandou, na Rádio Farroupilha de Porto Alegre, nos anos 50, os programas Festança na Querência, Céu e Campo, Entardecer na Querência, Pelos Caminhos do Pago, Alma do Rio Grande e Grande Rodeio Coringa.

Foi poeta com 12 obras editadas e, mais ao final de sua carreira literária, dedicou-se a criar poemas para mulheres e crianças declamarem.

Como compositor foi autor do conhecido Parabéns Crioulo, em parceria com Eleu Salvador. Teve atuação no cinema voltado também a temas regionalistas, onde trabalhou como ator em oito longas metragens.

O seu poema mais conhecido tem por título A Morte do Brigadiano e começa desta maneira:

Houve o tempo em que a "folha"
era a arma respeitada,
pois assim era chamada
a espada do brigadiano.
E nas pendengas do pago,
quando a indiada se atracava,
muitas vezes ela cantava
no lombo de algum paisano.


 

DO BUGIO AOS BEATLES




São Chico de Paula tem se destacado com grande sucesso na realização de eventos musicais com públicos alvos diferenciados.

Sexta, sábado e domingo aconteceu o já consagrado tributo ao maior grupo musical de todos os tempos, ou seja, os Beatles, com milhares de pessoas de todos os lugares lotando o grandioso espaço a beira do lago São Bernardo para aplaudir convidados com conexão direta à história da lendária banda britânica.

Em março teremos o Mississippi Delta Blues, em agosto o festival de choros, em setembro o Ronco do Bugio, e assim vai.

Parabéns aos administradores desta linda cidade por abraçar culturalmente nossa diversidade musical.  

 


domingo, 19 de janeiro de 2025



UM MONUMENTO PARA GILDINHO


 Foto: Montagem de Kaylani Dal Medico


Um estátua será erigida em Erechim ao músico Nésio Alves Corrêa, o Gildinho dos Monarcas.

O local do monumento será em um canteiro da BR-153, no bairro Bela Vista. O local e a própria estátua já tinham definição antes da recente morte do artista que ontem, 18, estaria completando 83 anos. O DENIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte) já tinha dado autorização do ponto da estátua. 

O Deputado Estadual Paparico Bacchi (PL), autor da iniciativa, no ano passado havia destinado R$ 175 mil para a construção da imagem. Porém, o recurso não pode ser utilizado pelo município, uma vez que a legislação não permite investimento em homenagens a pessoas vivas. 

Bacchi segue fazendo parte do projeto, agora captando recursos em doações de pessoas físicas e jurídicas. O movimento Amigos do Gildinho é que está recebendo as doações. 

Segundo a jornalista Eduarda Costa no projeto consta que entre a base e a ponta da estátua, o monumento deverá ter 6 metros, sendo um pedestal e a figura do Gildinho em tamanho real. A imagem mostrará o artista em pé, com a gaita que utilizava nos bailes. O trabalho será feito em aço especial e vai pesar mais de 2 toneladas. 

Dos R$ 100 mil orçados, cerca de R$ 20 mil já foram garantidos. O valor será usado  na construção da base da estátua. 

O trabalho deve ser realizado pela mesma empresa responsável pelo monumento Heróis Voluntários, de Porto Alegre, que homenageia quem ajudou nos resgates da enchente de maio de 2024. 

       


sábado, 18 de janeiro de 2025

 

ATENÇÃO GAUCHADA 

QUE ANDA SALGANDO O LOMBO

HOJE TEM GRANDE ENCONTRO EM CAPÃO DA CANOA




O projeto Grande Encontro, idealizado por Ayrton Patineti dos Anjos, que deixou este plano no ano passado, acontece normalmente no Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre, ao final do ano. Contudo, agora sob a coordenação do Caetano, filho do Patineit, o evento ganhou um caráter itinerante levando o espetáculo para diversas localidades do interior do Estado. 

Na boca da noite de hoje, 18, diversos artistas como Elton Saldanha, Joca Martins, Neto Fagundes, César Oliveira e Rogério Melo, Luiza Barbosa, Ernesto Fagundes, Érlon Péricles, Pirisca Grecco e Shana Müler levarão sua arte para o litoral norte, mais precisamente à praia de Capão da Canoa. 

O evento acontece a partir das 19h, no Largo do Bar Onda, na Avenida Beira Mar. A entrada é franca. 

  
    


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

 



Beba água aonde seu cavalo bebe. O animal sempre procura água limpa.

 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

 

EMOÇÃO RENOVADA


Ontem, 15, foi o Dia do Compositor. Nunca parei para contar pois pouco me importa a quantidade mas devo ter mais de trezentas letras gravadas pelos mais diversos artistas rio-grandenses. Amigos que deram vida aos meus escritos. Então, um parabéns a nós, compositores, letristas, musicistas, arranjadores, enfim, todos que criam e levam aos ouvintes um pouco de alegria através da música. 

Eu ando meio parado em relação a escrita porque não gosto de me repetir, ou seja, escrever sobre o mesmo tema. E os temas, com o tempo, vão escasseando. Contudo, quando alguém regrava uma composição de minha marca, a emoção se renova.

É o caso da música Parceiros, letra de minha marca musicada e gravada originalmente pelo grande gaiteiro Gonzaga dos Reis, lá da legendária São Chico de Paula, agora com uma roupagem nova na interpretação do fabuloso Grupo Cordeona. Que balaço!

Sempre fui fã (e amigo) do Porca Véia e tivemos vários trabalhos em parceria e agora ver esta composição na voz deste conjunto que segue o seu legado, me dá vontade de arrastar as mobílias do rancho e sair dançando com a patroa. 


    

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

 

O POVO MAIS "RESERVADO" DO BRASIL




Aquela imagem do gaúcho fanfarrão, despachado, galanteador... não é bem assim. Pelo menos isto é o que demonstrou um levantamento da plataforma de idiomas Preply. 

De acordo com tal pesquisa, os gaúchos levaram o título de "mais reservados do Brasil". Foram assim classificados por 23% dos respondentes. 

O estudo ouviu mil entrevistados para entender "os rótulos sociais mais comuns associados aos Estados". Os sulistas são "sinônimo de discrição", já os mineiros foram eleitos os melhores anfitriões. Os baianos tem a fama de mais festeiros e os cariocas de paqueradores. Aos paulistas coube a fama de mais comunicativos. 

De minha parte devo confessar que gostei do rótulo aplicado aos rio-grandenses. Autodomínio, comedimento, compostura, equilíbrio, juízo... e caldo de galinha, nunca fizeram mal a ninguém. 


terça-feira, 14 de janeiro de 2025



34ª FESTA NACIONAL DO CHAMAMÉ 


milhares de pessoas lotam as dependências todas as noites

Começa dia 17 e vai até 26 de janeiro a 34ª Festa Nacional do Chamamé e a 20ª Festa do Chamamé do Mercosul da cidade argentina de Corrientes. É o maior evento chamamecero do planeta e diversas atrações do Brasil voltadas a este ritmo cativante estão confirmadas. 

A TV Assembleia fara a transmissão para todo o Rio Grande do Sul. 

Postamos uns dias antes porque a distância para quem desejar ir é longa e, no meio do caminho, ainda tem a visita obrigatória ao túmulo de Gauchito Gil, o santo argentino. 

     


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

 


REPONTANDO DATAS - 13 DE JANEIRO 


No dia 13 de janeiro do ano de 1626 o padre jesuíta Roque Gonzales, funda o aldeamento guarany San Nicolas (São Nicolau) na margem direita do Rio Piratini, perto da sua foz com o Rio Uruguai. Foi o primeiro ato de brancos na pátria dos gaúchos – nascia o Rio Grande de Sao Pedro.

Segundo historiadores o líder Maragato Gumercindo Saraiva, braço direito de Gaspar Silveira Martins na Revolução Federalista de 1893, nasceu numa estância no Uruguai no ano de 1851, mas foi batizado no dia 13 de janeiro do ano de 1852, na vila de Arroio Grande, no Rio Grande do Sul. 


 


ERECHIM (E O RIO GRANDE)

SE DESPEDEM DE GILDINHO

Caminhão dos Bombeiros conduziu o corpo de Gildinho

Neste domingo (12), às 17h, um cortejo fúnebre emocionado foi realizado em homenagem a Gildinho. O cortejo saiu do CTG Sentinela da Querência, onde seu corpo foi velado, e percorreu as avenidas Sete de Setembro e Maurício Cardoso de Erechim até o Cemitério Pio XII, onde ocorreu seu sepultamento.

A população de Erechim se uniu a familiares, amigos, autoridades, tradicionalistas e fãs para prestar suas últimas homenagens a Gildinho, um artista querido e respeitado por todos. Uma fila enorme de carros acompanhou o cortejo pelas ruas da cidade, refletindo o impacto que ele teve na vida de tantas pessoas.

O carinho demonstrado durante o velório é um testemunho do legado musical que Gildinho deixou e do amor que conquistou ao longo de sua carreira. O evento foi marcado por momentos de emoção e recordações, celebrando a vida de um verdadeiro ícone da música gaúcha.


Uma longa fila se formou na BR 153 rumo ao cemitério


Fontes: Jornal Boa Vista / Rádio Cultura
Fotos: Sirley Loppi




domingo, 12 de janeiro de 2025

 

MAIS UM MESTRE QUE SE VAI 


Certa feita escrevi que nossas referências musicais gaúchas estão partindo e a reposição não acompanha na mesma intensidade e qualidade. Algumas pessoas não gostaram da matéria contrapondo que artista não se compara. Eu comparo, pois tenho gosto específico e nem todos satisfazem tal gosto.

Em pouco tempo, e citando apenas gaiteiros, perdemos Luiz Carlos Borges, Paulinho Siqueira, Albino Manique e, agora, o Gildinho. 

Não se trata penas de habilidade na execução do instrumento mas de carisma, de historicidade musical, de importância para outros tantos que sobem ao palco. 

É uma lástima mas faz parte. O trem da vida vai passando e muitos amigos desembarcando na última estação. O que importa é o legado deixado e, neste sentido, Gildinho sobra cavalo.

Muito obrigado, Gildinho, por compartilhar comigo seu talento em tantos trabalhos, principalmente na gravação da composição abaixo. 



      

sábado, 11 de janeiro de 2025

 


SE FOI UM AMIGO FRATERNO


Recebemos neste momento a triste notícia da despedida deste plano terreno do gaiteiro Nésio Alves Corrêa, o Gildinho. Ele vinha lutando contra um câncer há um longo tempo.

Na interpretação dos Monarcas e sob o aval e incentivo do Gildinho uma canção de minha autoria musicada pelos Tiranos tornou-se um clássico. Brasil de Bombacha. Depois disto, gravamos diversas composições em parceria solidificando nossa amizade.

No dia 18 de janeiro do ano passado saí da praia para levar o meu abraço a este parceiro nas comemorações de seus 82 anos.

Lembro que na época ainda versejei da seguinte maneira:

São seis horas de viagem
partindo de Curumim
pra levar nossa homenagem
a um amigo em Erechim.
- Correr por gosto não cansa!
Me dizia a matriarca.
Levo um abraço, na andança,
ao Gildinho dos Monarcas.

São oitenta e dois janeiros
de talento e simpatia
deste mestre dos gaiteiros
menestrel das cantorias.

Vai em paz, amigo velho, levar o teu carisma até as Sesmarias do Infinito e alegrar com teu sorriso as bailantas do CTG Querência da Eternidade.

 




O VALOR DE UM NOVO DIA

 

Ao deitar eu nunca penso

que aquele sono profundo

pode ser meu derradeiro

fechar de olhos no mundo.

Sei que vou pular do catre   

no clarear das sesmarias  

mas jamais agradeci  

por ganhar um novo dia. 

 

Sentir o sopro do vento,

o sol entrando nas frestas,

andar livre por aí

chapéu tapeado na testa.

Terra, gente, criação,  

vida pulsando em quantia

mas jamais agradeci

por ganhar um novo dia.

 

Já deixei meu pala em tiras

em brigas, tiros, pontaços,

me julguei por imortal

costa quente, peito de aço.

Sempre com bóia na mesa,  

água limpa na bacia

mas jamais agradeci

por ganhar um novo dia.

 

No inverno, nas enchentes

dos rios saindo da caixa

pra ajudar desabrigados

eu "remangava" as bombachas.

Perdiam tudo que tinham

só a fé permanecia

mas jamais agradeci

por ganhar um novo dia.  

 

Hoje, de cabelos brancos,

pra existência eu dou valor

botei no meu dicionário

"obrigado" e "por favor".

Vivo tudo intensamente,

do pranto faço poesia

e agradeço quando acordo

por ganhar um novo dia.  

 


sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

 

NOVO PREFEITO DA LEGENDÁRIA CONTENDAS

E O SEU SECRETARIADO


 
do livro Gauderiadas - 1993 - 
Léo Ribeiro de Souza




quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

 

AONDE ANDA A PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA 

DO RIO GRANDE DO SUL? 


Bombeando as centenas de comentários sobre a significativa premiação do Globo de Ouro a brasileira Fernanda Torres como Melhor Atriz no filme Ainda Estou Aqui, fico me perguntando aonde foi parar a produção da "sétima arte" voltada para nossa cultura no Rio Grande do Sul. 

Guardadas as devidas diferenças técnicas e de qualidade cinematográfica, houve um tempo em que José Mendes e Teixeirinha lotavam os cinemas gaúchos. Posteriormente e com um cuidado maior, a trilogia de Erico Veríssimo, o Tempo e o Vento - O Continente; O Retrato e O Arquipélago - ganhou as telas rio-grandenses.

Deixando uma marca indelével o diretor Tabajara Ruas encordoou uma sequência de longas muito bem produzidos retratando passagens importantes de nossa história.  

Agora, o que temos visto é um esforço incomum do roteirista e diretor Guilherme Suman para mostrar seu trabalho como é o caso do curta metragem Bochincho, que teve por base a poesia de mesmo nome do saudoso pajador Jayme Caetano Braun.

E a coisa para por aí, infelizmente. 


Guilherme Suman - Diretor do filme Bochincho





           

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

 

REPONTANDO DATAS - 08 DE JANEIRO 


MORRE GAUCHITO GIL, O SANTO ARGENTINO



Antonio Mamerto Gil Núñez, Gauchito Gil, teria nascido em Pagamento Ubre, hoje Mercedes, Corrientes, possivelmente em 1840, e morreu em 8 de Janeiro de 1878. Ele é considerado o santo gaúcho mais proeminente da Argentina.

Relatos populares variam, mas em termos gerais, a lenda diz que Antonio Gil era um camponês e que uma viúva rica se apaixonou, ou teve um caso com ele. Quando o chefe da polícia (que também era apaixonado pela viúva) descobriu sobre seu relacionamento, acusou-o de roubo e tentou matá-lo. 

Alistou-se no exército para fugir dele e, após lutar contra o exército paraguaio, voltou para sua aldeia como um herói.

Contudo, voltou para o exército para lutar na guerra civil argentina.  Foi uma guerra de irmão contra irmão e Gauchito Gil estava cansado de lutar.  Por isso, ele decidiu pela deserção. Durante esse tempo, ele se tornou um bandido e adquiriu uma reputação como um Robin Hood por seus esforços para proteger e ajudar os necessitados.

No final, a polícia pegou-o na floresta.  Eles o torturaram e penduraram seus pés em uma árvore.  Quando um policial estava indo para matá-lo, Gauchito Gil disse a ele: "Seu filho está muito doente. Se você orar e implorar-me para salvar o seu filho, eu prometo a você que ele vai viver. Se não, ele vai morrer..."  Em seguida, o policial matou Gauchito Gil cortando sua garganta.  Isso aconteceu no dia 08 de janeiro de 1878.

Quando os policiais voltaram para a sua aldeia, aquele que havia matado Gauchito Gil ficou sabendo que seu filho estava de fato muito doente.  Muito assustado, o policial rezou a Gauchito Gil para seu filho que acabou ficando bom. Diz a lenda que Gauchito Gil havia curado o filho de seu assassino. 
 
Muito agradecido, o policial deu ao corpo de Gil um enterro apropriado, e construiu um santuário para Gauchito.  Além disso, ele espalhou a todos sobre o milagre.

Gauchito Gil é considerado um santo popular para muitas pessoas das províncias de Formosa, Corrientes, Chaco , no norte de Santa Fé e até a província de Buenos Aires.  Pode-se detectar santuários menores de Gauchito Gil em estradas da Argentina. 

Grandes peregrinações são organizadas para o santuário (localizado a cerca de 8 km da cidade de Mercedes ) para pedir favores ao santo.

Além disso, cada 08 de janeiro (data da morte de Gil), há uma celebração em homenagem a Gauchito Gil.  O povo dança, canta e bebe e também pratica esporte folclóricos com cavalos, touros e outros animais.

Embora a igreja católica não reconheça Gauchito Gil como santo, muitos argentinos assim o consideram.



Túmulo de Gauchito Gil, perto de Mercedes, Argentina.


terça-feira, 7 de janeiro de 2025

 

REPONTANDO DATAS / 07 JANEIRO


NASCE O POETA CYRO GAVIÃO

 
Num dia 07 de janeiro, do ano de 1913, nascia em Itaqui Cyro Gavião, autor do livro Querência Xucra e de dezenas de poemas espalhados por este Rio Grande velho. Foi membro da Estância da Poesia Crioula. Faleceu em Porto Alegre, onde morava, no ano de 1976. 

Abaixo uma de seus belos poemas em forma de soneto intitulado: Petiço



 
Esse petiço troncho que, ao passito,
Vem chegando co'a pipa, lá da fonte,
Foi quebra noutros tempos... foi bonito,
Foi mestre, num rodeio e num reponte.

Mas, hoje, nem o relho, nem o grito
Da gurizada já lhe altera a fronte
Indiferente a tudo, ao infinito,
A mais um dia que se lhe desconte.

Até dá pena ver esse sotreta,
Trocando perna, ao lado da carreta
Num caminhar tristonho, passo a passo...

Petiço velho,... jóia do meu pago!
Saudade amarga que, comigo, trago,
Espera,...qu'eu também sinto cansaço.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

 

HOJE, 6 DE JANEIRO, É DIA DE REIS


Terno de Reis em Santo Antônio da Patrulha


Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.

Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltasar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.

Fixado o nascimento de Jesus Cristo a 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser a mais importante data comemorativa católica, mais importante, inclusive, que o próprio Natal

Mas como se compõe e qual a função do Terno de Reis?

Segundo o folclorista Paixão Côrtes, é variável o número de participantes de um "terno" pois nem sempre os cantadores são também instrumentistas, e isto obriga a uma maior divisão de funções. No geral, não vai além de oito pessoas: o mestre ou guia e o ajudante de mestre; contra-mestre e ajudante de contra-mestre; o tipe; o tambor; o triângulo e a rabeca. O mestre, que é o diretor, deve não só ser um bom repentista como também um bom conhecedor da história do nascimento de Jesus, principalmente no que se refere à visita dos Reis Magos. É o mestre (em primeira voz) que inicia o canto acompanhado de seu ajudante (em segunda voz); o verso é então repetido pelo contra-mestre e seu ajudante, também em primeira e segunda voz, respectivamente. O tiple ou tipe ou ainda tipi, é ordinariamente uma criança que se encarrega de cantar as firmatas características do segundo e do quarto verso de cada estrofe ou somente deste último. Podem existir um ou dois tipes em cada terno. Sobre esta figura assim se expressou o folclorista Mário de Andrade: "A mim me parece que o quipe que 'faz o contracanto' é o mesmíssimo 'tiple', também 'tipe' pela nossa gente folclórica, palavra de terminologia musical espanhola que nomeia o soprano (se trata dum menino) muito generalizada nas cantorias brasileiras para indicar uma voz subalterna.

Embora raro, encontramos o terno acompanhado de pau de fita, boizinho, bumba-meu-boi etc., então com suas representações coreográficas algo dramáticas, lembrando um rancho definido por Mário de Andrade. Aparecem também por vezes homens vestidos de mulheres, bem como os arcos de flores das "jardineiras", os cavalheiros, os porcos, caiteto, uma verdadeira bicharada.

Letra e música

As estrofes de nossos ternos de Reis, são quadrinhas na maioria das vezes de feitura popular, heptasílabas que narram episódios referentes ao nascimento de Cristo. Podemos classificá-las como religiosas e profanas. As primeiras são aquelas que no seu conteúdo mantêm bem vivo o motivo cristão das comemorações da Bíblia. As profanas são as que fogem ao tema do ciclo natalino religioso. Mas antes desta narração encontram-se os versos de chegada ou de saudação, à porta da casa. Os versos compreendem vários ciclos: anterior ou véspera de 25, dia de Natal, de 25 à 1º do ano e de 1º de janeira ao dia de Reis. As estações são cantadas de acordo com o decorrer dos dias, e obedecem as seguintes principais frases: Chegada, Entrada, Louvação, Peditório, Agradecimento e Despedida.

Cada terno tem mais ou menos decorado um número grande de versos, podendo no entanto "o mestre" acrescentar improvisos que a situação exigir.

São numerosas as melodias existentes. Variam de região para região. Talvez os tipos de instrumentos musicais acompanhantes tenham contribuído para o surgimento dessas variedades. Em nossas pesquisas registramos inúmeras "toadas". As melodias geralmente apresentam duas partes distintas: uma bastante lenta, corresponde aos versos cantados; a outra somente tocada, no geral caracteriza-se por uma aceleração do ritmo.

A seguir damos um exemplo da maneira de como é "tirado" um verso pelos cantores:

Cantam: mestre e seu ajudante

Os três Reis por serem Santos
Os três Reis por serem Santos
Se puseram a caminhar

Repetem: contra-mestre e seu ajudante

Os três Reis por serem Santos
Os três Reis por serem Santos
Se puseram a caminhar

Cantam: mestre e seu ajudante

Procurando Jesus Cristo
Procurando Jesus Cristo
Em Belém foram encontrar

Repetem: contra-mestre e seu ajudante

Procurando Jesus Cristo
Procurando Jesus Cristo
Em Belém foram encontrar

Em outros ternos, porém, cantam os "reses" quadrinha por quadrinha; assim como as melodias, as maneiras de cantar são também distintas.

Geralmente eles terminam o verso bem "choroso", acrescentando "oi"...

Instrumentos

Os instrumentos musicais que podem considerar como tradicionais são: viola, rabeca, gaita, violão, tambor ou caixa de triângulo.

Comum outrora era a parceira da viola com a rabeca acrescida quase sempre de tambor ou triângulo. Na falta deste último um estribo de meia picaria é também usado.

Atualmente a gaita tomou conta da parte musical, fazendo-se acompanhar do violão e não raro de pandeiro, chocalho e cavaquinho.

Visita

Em traços gerais a visita dá-se da seguinte maneira: no terreiro da casa, o "terno" tendo a frente o "mestre" e o "ajudante", faz em verso de "saudação" ao dono da residência, solicitando permissão para cantarem e ao mesmo tempo justificando-se da sua chegada:

Chegada

Agora mesmo chegamos
Na beira do seu terreiro
Para tocar e cantar
Licença peço primeiro

Entrada

Se o proprietário concorda — geralmente muito satisfeito e feliz — abre a porta, convidando o mestre e seus cantadores para passarem. Existe mesmo uma certa tradição que consiste em o proprietário aguardar alguns versos para no caso positivo de receber o terno, acender as luzes da casa.

Porta aberta, luz acesa
Sinal de muita alegria
Entra eu, entra meu terno
Entra toda a companhia


 

REPONTANDO DATAS - 06 DE JANEIRO

 

MORRE BAIANO CANDINHO



Na noite do dia 05 para o dia 06 de janeiro de 1898 falsos cantadores de Reis chegaram na propriedade de Martim Pereira dos Santos, o Baiano Candinho, e assassinaram este personagem quase lenda aqui pelas bandas das Três Forquilhas.  

 
Egídio Tavares e Léo Ribeiro diante da sepultura de Baiano Candinho
no Cemitério dos Maragatos 
 
 
Martim Pereira dos Santos, nascido em 1846 no sertão do Ceará, que utilizava o nome de soldado de Cândido da Silveira, é o vulto histórico conhecido por Baiano Candinho.
De sua chegada como desertor da Guerra do Paraguai na localidade de Três Forquilhas, com a intenção de retornar ao Ceará, ali pelo fim da década de 1860, até 1895, passaram-se quase 30 anos de convivência aqui por esta região de colonizadores alemães, a poucos quilômetros da BR 101.
Baiano Candinho, por sua experiência militar, por sua valentia, por sua determinação, angariou muitos admiradores e inimigos ao mesmo tempo. Por presença marcante na região foi taxado, inclusive, como um "Robin Hood", isto é, roubava dos fazendeiros no Alto Josaphat (em cima da serra) e vendia barato, ou doava, na região em que morava no Baixo Josaphat. Por medo ou respeito o "Major" Baiano Candinho fazia o controle de segurança da Serra do Pinto, a pedido do Major Voges, autoridade local. "Era a raposa cuidando do galinheiro" segundo seus inimigos políticos e pessoais.
O que não se pode negar eram suas habilidades ou de negociação ou de imposição pela força. Tanto é assim que em 1894, tomando parte da Revolução Federalista ao lado dos Maragatos, sem dar um único tiro, conseguiu tomar todo um pelotão da Brigada Militar fazendo-os se bandear para o seu lado.
Candinho teve muitas mulheres na Colônia. A princípio viveu com a jovem viúva Anna Carolina Kratz, nascida Müller. Ela não podia ter filhos e, além disso, faleceu cedo. Candinho herdou sua propriedade. 
Em 1879 ao se unir com a meio viúva Maria Witt ele tornou-se protestante. Casou no dia 15 de abril de 1879 no templo, diante do pastor Carlos Leopoldo Voges. Um mês depois, foi ao Cartório, registrar essa união, no dia 18 de maio. Na oportunidade alegou ser analfabeto e ter apenas 25 anos de idade, apresentando o nome falso de Cândido Alves da Silveira. O assentamento do registro civil pode ser encontrado no Livro de Casamentos nº 01, folha 07 do Cartório do Registro Civil, de Itati. Foram testemunhas o Major Adolfo Felipe Voges e o Professor Serafim Agostinho do Nascimento.
Maria Witt trazia da união anterior, com o falecido tropeiro Beriva Athaíde (paulista), os filhos Henrique (19.05.1875) e Geraldino (1876 - falecido em 1883). Com esta viúva Candinho teve sete filhos. 
Sabe-se que Baiano Candinho teve, pelo menos, três filhos extra-conjugais:

Fim da Revolução Federalista 
no Vale do Rio Três Forquilhas

A assinatura do armistício dando fim a Revolução Federalista pegou de surpresa o Esquadrão Josaphat, chefiado por Candinho. Tiveram que depor suas armas e voltar a vida comum de colonos e peões. Contudo, o filho de Baiano Candinho, Henrique, resolveu seguir com o Capitão Luna e o Tenente Valdo Crespo, dois desertores das brigadas castilhistas continuando com suas vidas de arruaças. A culpa recaía sempre no Baiano Candinho que, no entanto, para fugir das possíveis perseguições, foi ser peão de fazenda no alto da serra aceitando o convite do seu amigo e correligionário Coronel Batista. Após seis meses de trabalho nas lides de campo sua esposa Maria Witt veio a falecer ao cair de um cavalo. Isto desnorteou Candinho que, junto aos filhos menores e alguma criação (gado e cavalo) voltou para sua antiga morada no Baixo Josaphat.  

Por lá ainda existiam os integrantes do Estado Maior do extinto Esquadrão Josaphat como o Luis da Conceição, o França Gross, os filhos e genros do falecido João Patrulha, o Baiano Tonho, o José Baiano e o João Baiano. 

Talvez o retorno de Baiano Candinho ao Baixo Josaphat tenha sido seu maior erro pois a ditadura castilhista, em todo o Rio Grande do Sul, vinha retalhando seus antigos opositores. Ali pelas bandas das Três Forquilhas não seria diferente.   

Para tanto foi mandado para esta colônia a pedido do líder castilhista Coronel Carlos Voges, o Tenente Manoel Vicente Cardoso, especialista na caça de maragatos num serviço de "limpeza" com vistas as próximas eleições. Baiano Candinho, por sua liderança política, era um dos mais visados, embora, de início, ele tenha sido "convocado" em algumas reuniões com o intuito de ajudar a terminar com o Bando do Pinto, chefiado pelo desertor castilhista e ex-membro do Esquadrão Josaphat, Capitão Luna que, de fato, continuava praticando bandidagens, saques, por toda a região tendo como refúgio a "Grota da Onça", na localidade de Contendas, São Francisco de Paula. Enrique Baiano, enteado de Baiano Candinho, integrava esse bando sendo considerado um dos piores elementos do grupo. Tido como estuprador e saqueador de famílias indefesas acabou sendo expulso do bando após matar um companheiro de atrocidades. A culpa (ou responsabilidade recaía em seu padrasto Candinho que, por certo tempo, levava uma vida calma no seu retorno a antiga morada Três Forquilhas. 

Na verdade esta aproximação amistosa com Candinho era um embuste, uma preparação para o bote. O tenente Manoel Vicente Cardoso trazia no bolso do casaco fotografias dos "bandidos federalistas" que em 1895 invadiram Conceição do Arroio, hoje Osório, levando medo e humilhação aos seus moradores. Baiano Candinho era um deles.

Por continuar tendo forte influência na região de toda a Serra do Pinto, tendo, inclusive, suas duas filhas casadas com dois irmãos fazendeiros de São Francisco de Paula, Baiano Candinho, era o primeiro da lista dos castilhistas. Um emboscada em seu rancho, quando ele não estava, resultou na morte de Bom Martim, homem de confiança de Candinho.   

E foi assim que, entre idas e vindas, num ambiente tenso, passou-se quase dois anos até que, na noite de 05 para 06 de janeiro de 1898 o subdelegado de três Forquilhas, tenente Cardoso, com seus dois auxiliares mais chegados, cabo José Pedro Custódio da Silva e o soldado João Macaco realizaram a estratégia de montar um Terno de Reis para surpreender Baiano Candinho, um nordestino devoto, na hora que recebesse os cantadores em sua morada. Tudo deu certo.  

"O Divino Espírito Santo seja sempre o seu guia.
O Divino Espírito Santo te dê toda proteção.
Santos Reis protejam o Seu Baiano Candinho
e toda sua família, que vivem neste cantinho". 

.... e lá se foi Baiano Candinho, candeeiro numa das mãos, oferenda aos cantadores na outra, no breu da noite, desarmado de ferro branco e de espírito, ao encontro da morte no pátio de sua casa.  

Depois da emboscada o tenente Manoel Vicente Cardoso não queria liberar o corpo para sepultamento e nem certidão de óbito, o que foi conseguido, a muito custo pelos familiares, com ajuda de Carlos Voges, autoridade maior do PRR Castilhista no Vale das Três Forquilhas.  

Num caixão rústico, Baiano Candinho foi sepultado no Cemitério dos Maragatos, ou Cemitério dos Bandidos, aonde estive no ano passado.   

Depois deste fato mais de 20 maragatos foram tocaiados e mortos, mas isto já é outra história que contaremos mais tarde junto a outros (muitos) detalhes da vida deste homem chamado BAIANO CANDINHO.