RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

 

2023 O ANO DA GAITA



“Minha Gaita Conta A História - A Influência Da Gaita Na Construção da Identidade do Gaúcho”.

Abaixo uma resenha do projeto de autoria de Andrei Caetano – 3ª Peão Farroupilha do RS - e Daniel Muller Forrati – 1º Guri Farroupilha do RS - ambos integrantes do CTG Tio Bilia de Santo Ângelo – 3ª RT.  

É comum ouvir falar que a gaita foi introduzida no Rio Grande do Sul por volta de 1846 com a família do imigrante Pedro Roth Birkenfeld ou que ainda teve sua vasta disseminação de fato, durante e após a guerra do Paraguai, mas mais importante que entender a introdução do instrumento em solo gaúcho é entender que este foi introduzido no “coração” do homem deste estado e por isso que assim como o cavalo, gaita por si só também é sinônimo de gaúcho.

A ideia central do trabalho consiste na conscientização da importância da gaita como instrumento fundamental para a construção da identidade cultural do gaúcho, entender sua história em solo gaúcho, como ela influenciou o jeito de ser do homem campeiro, bem como àqueles que foram expoentes e construtores de sua reputação como instrumento símbolo do estado do Rio Grande do Sul.

Durante a pandemia do vírus Covid-19, percebemos que as artes, e frisamos, neste caso, a música, cumpriu papel fundamental no auxílio de quebrar a monotonicidade dos dias de quarentena. Sendo que, em nosso meio tradicionalista e aqueles apreciadores da música gaúcha, fomos possibilitados de vivenciar bons momentos neste período delicado, muito em virtude também da gaita.

Uma das motivações mais importantes para a construção da proposta deste tema foi a valorização daqueles que quebraram barreiras através da gaita para que a cultura gaúcha chegasse a pagos mais longínquos. Sendo assim, serão trazidos em evidência três dos principais responsáveis artistas que cumpriram este papel na construção e divulgação da música e da cultura gaúcha, sendo eles: Antônio Soares de Oliveira (Tio Bilia), que comemoraria em 2023 os sessenta anos do seu primeiro álbum, intitulado “Baile Gaúcho”, lançado em 1963, Honeyde Bertussi, o qual estaria, se vivo, completando 100 anos de vida em 2023 e ainda Pedro Raymundo, esse que nasceu catarinense e morreu como um dos gaúchos mais autênticos, o famoso gaúcho da era do rádio, ficando marcado pelo pioneirismo ao se apresentar devidamente trajado e tendo o seu sucesso “Adeus Mariana” completando 80 anos em 2023.

Buscamos com este trabalho, apresentar a relevância deste instrumento que, apesar de ter contato com diversas culturas, se enraizou em nosso estado a ponto de ser símbolo identitário deste grupo social chamado gaúcho, pois a gaita se encontra nos fandangos, nas missas de comunidade, nas rodas de chimarrão, acompanhando declamadores em suas poesias, nos momentos de integração nos rodeios, nas apresentações artísticas dos grupos de danças, nas apresentações de concursos de prendas e peões e nos mais diversos festivais de música, sob tudo de cunho nativista.

“Com a chegada dos gaiteiros - que se tornaram o elemento fundamental para uma diversão campeira – a música rural do Rio Grande foi se tornando quase exclusivamente instrumental. Nos bailes, já não se exigia que o músico fosse cantor: bastava que fosse gaiteiro. Uma famosa quadrinha popular, resume a questão:

“A gaita matou a viola

O fósforo matou o isqueiro

A bombacha, o chiripa

E a moda, o uso campeiro”

(Trecho Retirado do livro: “Danças e Andanças da Tradição Gaúcha”, dos autores Barbosa Lessa e Paixão Côrtes”).