PRIMAVERAS DE SAUDADES
No dia do seu aniversário (19/10) publico resenha do poema que fiz há sete anos, quando o Lucas foi morar distante.
Meu filho deixou "as casas",
achou por bem ir embora
e no singrar da aurora
com esforço bateu asas.
Na malinha velha e rasa
juntou sua roupa singela.
Atravessou a cancela,
olhou, por fim, para trás
e lá se foi meu rapaz...
Eu vi tudo da janela.
Deixou aqui suas lembranças,
seu cavalo, seu cachorro
e já no segundo morro
se sumiu o meu confiança,
o meu guri, minha herança
de sangue, honra e sequência
mas levou junto a essência
do que podemos lhe dar
o amor fraterno do lar
e o respeito querência.
Na verdade havia um tempo
que ele pensava nisto,
camperear algum serviço
que lhe provesse o sustento
pois ninguém vive do vento
soprando nos tarumãs.
Com cheiro de picumã
encroado na camisa
se foi, cruzando divisas,
sem saber do amanhã.
E pensar que fiz igual
quando deixei os meus pais
nem reparei nos seus ais
e hoje sofro o mesmo mal.
Assim é a vida, afinal,
tudo que nasce tem fim.
Só lembro que disse assim
pro meu eterno menino:
- Que vá trançar teu destino
mas volte, um dia, pra mim!