RETRATO DA SEMANA

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Identidade Visual dos Festejos Farroupilha 2024 / Cintia Matte Ruschel

quarta-feira, 27 de julho de 2022

 A HISTÓRIA NO FUNDO DO GUAÍBA


Uma reportagem de suma importância às pessoas que gostam de história como eu passou meio que batida, neste mês de março. Trata-se da descoberta do navio-prisão Presiganga, o mesmo que conduziu Bento Gonçalves da Silva e diversos revolucionários republicanos para o Rio de Janeiro após a derrota dos farrapos na ilha do Fanfa.


Navio-prisão da época da Revolução Farroupilha 
é localizado perto da Ponte do Guaíba
Foto: Divulgação  


A matéria é a seguinte:

O mergulhador Flávio Ramires fez nesta quarta feira 23, as primeiras medições com ecobatímetro para localizar o Presiganga, navio-prisão que existia em Porto Alegre, ancorado no Guaíba e que teria afundado por volta de 1845.

Era comum nas cidades e colônias portuguesas a existência de navios-prisão, e a presença do Presiganga é registrada desde 1830, quando recebeu alguns alemães suspeitos de conspirarem contra o governo, entre eles o major Otto Heise.

Mas foi na Revolução Farroupilha (1835-1845) que se ampliou a sua sinistra memória.  Ancorado no Guaíba, recebeu tanto os imperiais presos na tomada de Porto Alegre,  quanto os revolucionários presos na sua retomada.

Um dos prisioneiros, quando os farrapos tomaram a cidade, foi o major Manuel Marques de Sousa, futuro conde de Porto Alegre, que sofreu pelo resto da vida de reumatismo adquirido na prisão. Os presos ficavam no porão inundado com água até os joelhos.

Segundo Antonio Pereira Coruja, o mais antigo cronista de Porto Alegre, o coronel Gomes Jardim, Onofre Pires, o jornalista Pedro Boticário e o próprio Bento Gonçalves foram alguns dos farroupilhas que estiveram presos no Presiganga. Gomes Jardim morreu na prisão.

Na época da revolução já era um navio velho, quase sucata. Não se sabe a data em que afundou e não se tinha ideia da localização até que, há alguns anos, o velejador e mergulhador Geraldo Senna, fazendo outro trabalho, encontrou um fragmento do casco.

O antropólogo Marlon Borges já captou imagens via satélite de uma estrutura de uns 60 metros que está a uma profundidade estimada de 9 metros no fundo do Jacuí, a 150 metros da primeira ponte.

A análise dos dados pela varredura do ecobatímetro vai confirmar se é mesmo o Presiganga e indicar com mais precisão a posição do navio. A partir daí será feito um projeto para o resgate por mergulhadores.

Segundo Ramires, da Navegantes do Sul, que toca o projeto em parceria com o Cisne Branco, não será possível tirar o navio do fundo, provavelmente sua estrutura de madeira e ferro se desmancharia. Mas será possível entrar nele e retirar objetos e outros testemunhos.