RETRATO DA SEMANA

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

O LOBISOMEM NO FOLCLORE GAÚCHO

 



Viramos o século XXI e aqui pelo Rio Grande do Sul se acredita em Lobisomem. Tal mito é basicamente a crença que determinados homens podem se transformar em um monstro meio lobo meio homem.

Já na Grécia clássica se conhecia o Licantropo, literalmente lobo-homem. Deve-se aos gregos a expressão licantropia, usada para designar o fenômeno. Na Roma dos Césares, era o Versipélio, o Lobisomem latino.

O mito no Rio Grande do Sul sustenta que o sétimo filho homem de uma família será fatalmente Lobisomem -  a menos que seja batizado pelo irmão mais velho. Há, também, uma forma folclórica de se transmitir o fado: quando um velho que é Lobisomem sente que ai morrer, ele fica sofrendo muito a alguém mais moço. E não consegue morrer antes disso. Se tem algum guri ou moço por perto ele simplesmente pergunta: "Tu queres?". O ingênuo normalmente acredita tratar-se de algum presente e responde: "Sim". Aí o velho morre feliz porque transmitiu o fado.

O homem que tem o fado de Lobisomem é sempre de raça branca, pelo duro (ou seja, não há Lobisomem negro, alemão ou gringo), magro, de olhos no fundo, dentes salientes e cara de cor amarelada, muito pálido. Quase sempre mora sozinho. Mais raramente vive com a mãe, uma velha muito estranha. Mais raramente ainda é casado e a mulher ignora o fato.

Mora sempre em um rancho o mais isolado possível, obrigatoriamente com um galinheiro nos fundos.

O fado do Lobisomem é uma cruz que ele carrega. Não fazendo mal a ninguém, ele é mais uma vítima do que um carrasco. Se é atacado, reage. E morde cachorros e até pessoas, mas se puder evitar isso ele evita. O lobisomem tem que cumprir o seu fado , que é correr nas sextas-feiras de lua cheia, da meia noite ao clarear do dia.

À meia-noite ele se rebolca no sujo das galinhas, rolando no chão e se transforma. Quando vai amanhecer ele retorna ao galinheiro, se rebolca novamente e volta a ser gente.

Durante sua ronda fatídica, se ele é ferido por arma branca, transforma-se e aí, já como homem, mostra o mesmo ferimento no mesmo lugar em que, como monstro, foi ferido. Se alguém atira sal nele enquanto Lobisomem, no outro dia, como homem, ele virá a casa da pessoa que atirou o sal, devolvendo um punhado, como se tivesse recebido por empréstimo.

Em cada cidade gaúcha correm histórias envolvendo o velho mito do Lobisomem. Cuidem-se, portanto. 

Do livro: Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul / Antonio Augusto Fagundes