A Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, precursora a ícone dos festivais nativista do Estado, completa cinquenta anos. Neste meio século de existência, entre glórias e tropeços (como qualquer entidade que envolva nosso lado emocional), encontra-se incólume como um moirão de angico plantado num chapadão de rodeio. Cheio de lascas pelas dentadas de potrancas, mas firme, altivo e sereno.
As luzes da ribalta de seu palco foram testemunhas da importância deste evento pioneiro que acrescentou uma nova visão a nossa musicalidade regional. O movimento nativista, ali, dava seus primeiros passos. A "Califa", como é carinhosamente chamada, foi vertente de verdadeiros clássicos musicais que se tornaram inesquecíveis e projetou ao panteão dos ídolos nomes como o do uruguaianense César Passarinho, talvez o maior intérprete neste segmento.
Passados estes anos que resultariam em belos registros literários, enfrentando com lucidez e responsabilidade a pandemia que levou ao cancelamento de diversos eventos similares, a Califórnia continua sendo a "menina dos olhos" de todo artista rio-grandense. Graças a Produtora Vozes do Sul e sua competente equipe, ao CTG Sinuelo do Pago, e de tantos outros que colaboraram para mais esta edição, o principal elemento de um festival desta importância foi resgatado, ou seja, a credibilidade.
Nesta semana nosso blog entrevistou o artista plástico Mauro Vila Real que, pelo segundo ano consecutivo, confeccionou o belo cartaz da Califórnia. Segundo as palavras do autor sua arte ilustra o que o festival traduz nestes cinquenta anos, isto é, uma passagem de bastão de pai para filho.