RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

 




TOPE FARROUPILHA

(Rodrigo Borges Bueno)

 

Tantas glórias sintetizas

lenço vermelho ancestral

nó górdio, exponencial

que no presente ainda brilha.

Fanal da tropa andarilha

rompendo velhos grilhões

tronando em Revoluções

velho Tope Farroupilha.

 

Olada forte ao paisano,

relíquia rubra de luta

da coragem resoluta

ao ofertório na campa.

Adorno da guapa estampa,

parceiro até a mortalha

gaúcha e rude medalha,

figura ímpar da pampa.

 

Portento da alma xucra

um lenço, um nó, um trapo

homenagem ao Farrapo

na gaúcha tradição.

Abriu no pampa um clarão

de pura simbologia

ostentando a valentia

dos tauras deste rincão.

 

Eterna Chama Votiva

do telúrico atavismo,

apanágio ao gauchismo

que une brutos e escóis

como um mar de girassóis

no farrapo acampamento

seguimos a luz de Bento

Rio Grande, terra de Heróis.

 

Faltam páginas de glórias

na História Republicana

que a ditadura tirana

da arrogância imperial

tremia como um varal

frente ao farrapo lançante

com seu Tope, Comandante

Souza Neto, O General.

 

As cargas de cavalaria

lavaram a honra pampeana

e a Farrapa, soberana

tremulando com ardor

relâmpago tricolor

fez tremer a monarquia

expondo a covardia

da Corte do imperador.

 

República Rio-Grandense

e o Tope Farroupilha.

Lenço vermelho que brilha

nos setembros estivais

abrindo velhos umbrais

nas rodas de chimarrão

relicário deste chão

dos que não morrem jamais.                                                            

 

Revolução de Homens Livres,

Decênio Heroico e triunfal

na carência material

abriu-se uma nova trilha

manchou de sangue a coxilha

o ideal puro e fecundo

e um gaúcho assombra o mundo

com seu Tope Farroupilha.

 

O lenço vermelho, rubro

tope ou nó republicano

combateu o suserano

monarquista e opressor

o Farrapo era um Condor

na pampa, sempre a cavalo

do império não foi vassalo

só de Deus, Nosso Senhor.

 

Um amuleto terrunho,

símbolo Pátrio Gaúcho

pano vermelho, sem luxo,

atado a moda farrapa.

Foi legenda maragata

de caudilhos sonhadores

aurora de mil colores

originário do Prata.

 

Pano sagrado que amo

bem firme e preso num nó

o Gaúcho, que anda só

vagando no pampa ao léu,

engraxando algum sovéu

conversa com o Criador

dizendo: - Quando eu me for

levo meu lenço pro céu.

 

Ilhapa de laço forte

é o meu Tope Farroupilha

andejando na coxilha

é o meu melhor companheiro

pois simboliza o tropeiro

o farrapo, o changador

o gaúcho peleador

sempre atento e altaneiro.

 

Leva contigo a bravura

medalha xucra do pago

honrando sempre o estrago

que fez na tropa imperial

e nosso Hino imortal

cuja a letra ninguém erra

"Sirvam nossas façanhas

de modelo a toda a terra".

 

Hei de te levar comigo

até pros pagos do além

e já vou dizendo amém

aqui na minha oração.

Levo junto meu violão

bombacha, cavalo e china

e peço de relancina

a cuia do chimarrão.

 

Alçado ao grau de medalha

nó que sustenta o civismo

expande teu gauchismo

lenço vermelho tenaz.

Rio Grande que a história traz

na intrepidez da coxilha

honra o Tope Farroupilha

a Terra, a Pampa e a Paz.