DEVOLVE O SHIMITIZINHO
Bier
Estava o Bejarano Araújo - taura do culhão roxo - numa visita a casa das "madamas", quando recém a Vila Alegre estava a apontar nos subúrbios de São Borja, ao lado do cemitério.
De repente o alerta: estava chegando a polícia e desarmando todo mundo. Não livravam nem canivete pica-fumo.
O Bejarano, de pala - como sempre andava -, nem bem havia saído pela porta e topou-se com um inspetor e dois "brigadas". Antes que o interpelassem já saiu na frente:
Os moços tão cumprindo seu dever, são gente da justiça, tão pagos para isso e não sou eu que vou complicar a vida de vocês. Taí o meu revólver "32" shimitão de muita estima.
Os policiais, surpreendidos com o gesto de Bejarano, de conhecida fama de valente, agradeceram-lhe a atitude.
- Muito bem, seu Bejarano. Homem de bem procede assim.
Ao lhe virarem as costas, Bejarano prendeu-lhes o grito:
- Alto lá, vocês aí!
Ao se voltarem, Bejarano os calçava com um "38" na mãos.
- Mas...
Não tem mais nem menos, seus mocinhos. Quem é bocó paga a conta. Eu dei pra vocês o "32" sem bala alguma e me sobrou este Colt que dá tiro até pela argola do cabo. Passem de volta meu shimitizinho. E ligeiro, antes que meu "38" escarre chumbo pelas ventas.
Do livro Rapa de Tacho Vol. 3 / Apparício Silva Rillo