RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA

sábado, 31 de julho de 2021

A PRISÃO DE BENTO GONÇALVES

 

PODE VIRAR PATRIMÔNIO DA UNESCO


Forte de São Marcelo, em frente do Centro Histórico de Salvador 

Segundo notícias recentes, 19 construções militares do período colonial, de Norte a Sul, e que ajudam a explicar a formação do território nacional, podem virar patrimônio da Unesco, organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.  

O complexo de fortes foi incluído pelo Iphan na Lista Indicativa a Patrimônio Mundial — uma etapa anterior à candidatura à lista da Unesco — em 2015, e desde então vem sendo trabalhado para se adequar às exigências do órgão internacional, que vão do estado de conservação aos planos de gestão e de uso, como o turístico.

Dentre o Conjunto de Fortificações selecionadas está o Forte de São Marcelo, popularmente chamado como Forte do Mar, devido a sua localização na Baia de Todos-os-Santos e serviu como um dos mais importantes pontos de proteção do porto. Foi originalmente conhecido por Fortaleza de Nossa Senhora do Pópulo. Construído com cantaria de arenito, até a linha de água, e o restante de pedra irregular, com 15 metros de altura, distando do atual cais cerca de 300 metros.

O local serviu como prisão de personagens históricos, como o líder da Revolta dos Alfaiates, Cipriano Barata, e o general farroupilha Bento Gonçalves.  

Após derrota dos Republicanos no Combate da Ilha do Fanfa o comandante farrapo foi levado ao Rio de Janeiro de onde tentou evadir-se. Por esse motivo foi transferido para Salvador, aonde chegou no dia 26 de agosto de 1838.

Por pertencer a Ordem Maçônica, no sentido de ajudá-lo em tudo que fosse possível, várias foram as visitas realizadas pelos obreiros da loja Fidelidade e Beneficência que estavam à frente dessa empreitada. Inclusive o comandante do Forte do Mar, capitão Manoel Vieira Machado, maçom pertencente a esta Oficina. 

Na semana anterior a fuga, Bento Gonçalves já havia recebido licença para tomar banho de mar  próximo à rampa de acesso junto ao forte, por lá existir um banco de areia onde, nos horários de maré baixa, a profundidade é pequena. No dia combinado, 10 de setembro, uma canoa com oito tripulantes vestindo camisa azul, simularia pescar na  redondeza.   Por  volta  das  10  horas Bento Gonçalves nadava junto ao forte, vigiado apenas por um sentinela, quando foi resgatado, de onde seguiu para a Ponta do Manguinho, na Ilha de Itaparica, sendo ele recebido pelo capitão Manoel Joaquim Tupinambá, juiz de paz da Vila de Itaparica, que o acoitou em sua propriedade rural. Não houve uma pronta reação por parte da fortaleza, pois demoraram a pedir socorro.

Após uma semana, no dia 18 de setembro, o presidente da província escreve ao ministro da justiça, dizendo não ter conseguido capturar o prisioneiro evadido e dá por encerradas as diligências a respeito. Cessadas as buscas, no início de outubro Bento Gonçalves foi trazido novamente para Salvador, sendo recebido pelo tenente-coronel Francisco José da Rocha.

Com a finalidade de dissimular seu retorno fizeram o governo acreditar que ele embarcaria em um navio para a América do Norte.  Na  verdade ele embarcou na Samuca Estrela do Sul, uma embarcação do maçom Antônio Gonçalves Pereira Duarte, que havia chegado com charque do Sul e retornava com farinha para Montevidéu.

Na cidade de Desterro (hoje Florianópolis) Bento Gonçalves desembarcou e veio, a cavalo, em direção a Viamão, onde se reuniu à força republicana que sitiava Porto Alegre, ali chegando no dia 10 de novembro. 


Obs: Junto as informações sobre as fortificações que podem virar patrimônio da Unesco, a parte histórica desta matéria foi colhida do livro Os Farrapos e a Maçonaria, de Léo Ribeiro de Souza, que encontra-se me vias de editoração.