RETRATO DA SEMANA

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Pinheiro Machado, ao centro, sentado, e seu estado maior - Revolução Federalista -

quarta-feira, 9 de junho de 2021

EU E OS PORCOS

 

Não sou muçulmano, judeu ou cristão ortodoxo, povos de religiões que não ingerem a carne de porco por considerarem o suíno um animal impuro. Não chego a tanto, mas se tiver um pernil de ovelha no mesmo assado, não vacilo na escolha. Contudo, parece que o porco me acompanha desde que nasci, e nem é por falta de banho. Vou explicar o porque.

1 - A História: Meu avô materno Manoel José Ribeiro, o Maneco Ribeiro, me contava que, quando moço, levava tropas de porcos de Cambará do Sul a São Francisco de Paula, distante cerca de 80 km. Fico pensando como seria esta jornada. Quantos dias de tropeada? Como era o controle de dezenas de porcos? Creio que não usassem cavalos. A coisa que mais me arrependo é não ter registrado estas prosas com meu avô. Quanta coisa eu teria aprendido. 

Se o meu amigo Marco Aurélio Angeli, o Zoreia, estiver lendo esta postagem que faça um sinal de fumaça, porque este vivente sabe de tudo sobre tropeadas.   

2 - A Lenda: São Francisco de Paula tem diversas lendas mas a mais conhecida é a dos Porcos. Resumidamente, estava o padre a rezar a missa dominical na antiga igreja quando um bando de porcos selvagens cruzou em frente da morada de Cristo. Houve uma debandada dos crentes para ver o que se passava quando, então,  o sacerdote lançou a seguinte praga: Infiéis. Enquanto o povo deste lugar preferir a visão de porcos do que escutar a palavra do Senhor, esta cidade jamais terá progresso. Não preciso dizer que muitos administradores públicos utilizam tal profecia para justificar seus erros.    

3 - O Apelido: Já falei diversas vezes que nasci, por mãos  de parteira, no lugarejo chamado Contendas, literalmente no meio do mato no interior de São "Chico", a cidade dos apelidos. Pois neste pequeno recanto de gente humilde, trabalhadora, tinha um grupo que era amigo do alheio e que tinham por balda e sobrevivência roubar porcos. Fico imaginando como seria roubar porcos... o gritedo. Pois bueno. Como dei ôh de casa no mundo neste lugar "afamado" pelas brigas em bailes e pelos gatunos de suínos, acabei levando o apelido de: Ladrão de Porco.

Eu me divirto com isso (ficar irado é pior) e meus amigos mais ainda. Ontem mandaram-me esta foto do arquivo pessoal de Carlos Eduarto Trott, de um vara de porcos cruzando a cidade de Taquara do Mundo Novo, lá pelos idos de não sei quando, e disseram que o rapaz que reponta os porcos sou eu.

E tenho que ver e ouvir tudo isso.