Conhecido como "El Mago", por encantar multidões com seu virtuosismo, Raúl Barboza vive há três décadas na FrançaEmilio Pedroso / DivulgaçãoPor: Alexandre Lucchese / ZH - Segundo Caderno
Um dos principais divulgadores da música instrumental latina no mundo, Raúl Barboza está nesta quarta-feira em Porto Alegre para show único, às 21h, no Theatro São Pedro (Praça Mal. Deodoro, s/nº). Aos 80 anos, o músico está prestes a encerrar uma turnê de 20 dias pelo sul do país, que ainda passa por Ijuí, neste sábado, antes do acordeonista retornar para a França, país onde reside há mais de 30 anos.
A noite terá tom de celebração. Além de Nardo Gonzáles (violão) e Alejandro Brittes (acordeom), que o acompanham nesta turnê, Barboza receberá no palco diferentes convidados, entre eles o cantor Elton Saldanha e o gaiteiro Edson Dutra, fundador d’Os Serranos. Apesar de não conseguir visitar o Brasil com frequência depois da mudança para a Europa, o argentino morou no Rio Grande do Sul em diferentes temporadas nos anos 1960 e 1970, participando de festivais e da gravação de álbuns.
Conhecido como "embaixador do chamamé", por tornar o gênero musical mundialmente conhecido, Raúl afirma que não existe fronteira quando se fala em música regional da Argentina ou do sul brasileiro:
– Somos uma comunidade. Temos o mesmo DNA. Somos todos descendentes de guaranis, com exceção de quem veio da Europa. Mas mesmo quem veio da Europa e criou raízes no Brasil ou na Argentina se impregnou das formas musicais locais.
Autodidata, Raulito Barboza já tocava acordeom em bailes e festas na adolescência. Logo recebeu o apelido de El Mago, por invariavelmente atrair a atenção do público com seu virtuosismo. Desenvolvendo uma técnica apurada com a mão esquerda, pouco comum à época, deixava as plateias encantadas. Mas o feitiço custou caro: os donos dos salões de baile pararam de contratá-lo, já que seus frequentadores paravam para ver o menino tocar e se esqueciam de fazer o que se esperava – dançar.
Sem conseguir tocar em festas, Barboza também não encontrava na Argentina um circuito de teatros e casas que se interessasse em ouvir o chamamé com mais atenção, já que o gênero vinha perdendo prestígio. Por conta disso, depois de anos trabalhando como taxista, foi tentar a sorte em Paris. Na capital francesa, foi contratado pela Trottoirs de Buenos Aires, casa especializada em tango fundada pela cantora Susana Rinaldi, pelo escritor Julio Cortázar e por diretores de diferentes orquestras.
– Eu disse a eles que não sabia tocar tango. Mas me garantiram: "Queremos que você toque a sua música". Ofereceram a mim total liberdade. Aceitei com alegria. Ninguém havia tocado chamamé assim em Paris – lembra Raúl.
A estreia na Europa foi apoiada pelo grande mestre da música argentina Astor Piazzolla (1921–1992). Admirador do estilo de Raúl, o compositor de Adiós Nonino comparou o recém-chegado aos dois gênios fundadores do chamamé, Isaco Abitbol (1917-1994) e Ernesto Montiel (1916-1975), em um jornal francês: "Eu seria incapaz de tocar um chamamé. Para tocar chamamé, é preciso ter nascido Montiel, Isaco ou Raúl Barboza".
Com mais de 50 álbuns lançados, Barboza já levou sua música para os mais prestigiados palcos da música instrumental, dividindo palco com ícones como Paco de Lucía, Dave Brubeck e B.B. King. Não importa onde, jamais abandona suas raízes chamameceiras:
Autodidata, Raulito Barboza já tocava acordeom em bailes e festas na adolescência. Logo recebeu o apelido de El Mago, por invariavelmente atrair a atenção do público com seu virtuosismo. Desenvolvendo uma técnica apurada com a mão esquerda, pouco comum à época, deixava as plateias encantadas. Mas o feitiço custou caro: os donos dos salões de baile pararam de contratá-lo, já que seus frequentadores paravam para ver o menino tocar e se esqueciam de fazer o que se esperava – dançar.
Sem conseguir tocar em festas, Barboza também não encontrava na Argentina um circuito de teatros e casas que se interessasse em ouvir o chamamé com mais atenção, já que o gênero vinha perdendo prestígio. Por conta disso, depois de anos trabalhando como taxista, foi tentar a sorte em Paris. Na capital francesa, foi contratado pela Trottoirs de Buenos Aires, casa especializada em tango fundada pela cantora Susana Rinaldi, pelo escritor Julio Cortázar e por diretores de diferentes orquestras.
– Eu disse a eles que não sabia tocar tango. Mas me garantiram: "Queremos que você toque a sua música". Ofereceram a mim total liberdade. Aceitei com alegria. Ninguém havia tocado chamamé assim em Paris – lembra Raúl.
A estreia na Europa foi apoiada pelo grande mestre da música argentina Astor Piazzolla (1921–1992). Admirador do estilo de Raúl, o compositor de Adiós Nonino comparou o recém-chegado aos dois gênios fundadores do chamamé, Isaco Abitbol (1917-1994) e Ernesto Montiel (1916-1975), em um jornal francês: "Eu seria incapaz de tocar um chamamé. Para tocar chamamé, é preciso ter nascido Montiel, Isaco ou Raúl Barboza".
Com mais de 50 álbuns lançados, Barboza já levou sua música para os mais prestigiados palcos da música instrumental, dividindo palco com ícones como Paco de Lucía, Dave Brubeck e B.B. King. Não importa onde, jamais abandona suas raízes chamameceiras:
– Todos temos influências de diferentes músicas e culturas. Eu gosto do chamamé, desse música, e faço o possível para não degradá-la, para que não seja motivo de riso ou zombaria. Trato de embelezá-la. Para mim, a música é como um quadro, em que é possível usar diferentes tintas e luzes para atingir diferentes tipos de beleza.