DE DANÇA DE SALÃO
Tenho maior apreço pelos instrutores de dança de salão pois cumprem um papel muito importante de trazer para dentro das entidades tradicionalistas milhares de pessoas que, por inibição ou falta de ritmo, acabariam como meros espectadores dos fandangos. Contudo, os instrutores, ao querer agregar passos, sarandeios, figuras ao bailado, acabam sofisticando e até mudando uma dança que seria mais bonita se dançada de maneira singela. O que estão fazendo com o chotes, a rancheira, o chamamé, é algo desproporcional e sem autenticidade. A gente percebe direitinho quem, na sala, aprendeu a dançar com instrutores.
Mas o pior de todas as deturpações acontece com o ritmo bugio, o único originalmente gauchesco. Talvez porque, um dia, Paixão Côrtes tenha dito que a dança imita o passo do primata, que caminha meio desengonçado, os instrutores repassam aos seus alunos um pulo que não existe no caminhar do macaco. Fica grotesco, engraçado e até meio ridículo. O bugio se dança marcado, com um balanço corporal diferenciado, mas nunca com os pulos que peões e prendas aprendizes de dança de salão proporcionam, não por sua culpa, mas porque aprenderam assim.
Sempre guardo aquela frase do mestre Glênio Fagundes de que "fazer o fácil é mais difícil" mas, por favor, vamos dar uma revisada nestes ensinamentos.