quarta-feira, 29 de maio de 2019
CRUZES DO PAMPA
Padre Pedro Luiz - do livro O GÊNIO DO PAMPA
Num calombo de coxilha,
sobre um beiço de barranco,
em desvão de chão lunanco
surge antiga cruz desforme.
Após bárbara tropeada
nestes campos rematada
ao pé dela um guasca dorme.
Sempre o tempo enfrenta as cousas
mas não quebra nunca o empino
do gaúcho genuíno
que, da glória, sob o guante,
gineteia, morde a espora,
e, se roda vida a fora,
lá sai limpo história adiante.
Dorme em paz naquela cova
um herói abandonado,
um pedaço do passado
que restou da tradição.
Essa cruz é a resistência
contra o mal - sobrevivência
das taperas do rincão.
Como guarda-fogo quieto
hoje, cada cova rasa,
escondida, guarda a brasa
de áureo brilho que se expande.
E essas cruzes, toscas, belas,
são as velhas sentinelas
de Atalaia ao Rio Grande.
Postado por
Léo