Pintura óleo sobre tela, do século XIX, do artista Alfredo Anderson
- Sapeco (queima) da erva-mate. Para nós, Carijo -
Quando fizemos a postagem de ontem em nosso blog, publicando a matéria sobre o projeto de inclusão da erva-mate na merenda escolar do Estado, nos demos conta que neste fim de semana está acontecendo o Carijo, um dos maiores e mais bem organizados festivais do Rio Grande do Sul, em Palmeira das Missões. Com certeza é o evento musical em acontece a maior integração com a comunidade pois a população simplesmente muda-se de mala e cuia para o parque de exposições na entrada da cidade.
Mas porque o festival tem este nome (Carijo)? Simplesmente em homenagem a este processo de secagem da erva-mate, fato que exige dedicação e atenção constante.
Quando o tempo desenha com sua pena o ano de 1554, o General Irala, chegou a região de Guairá, situada a oeste do atual território do Paraná e encontrou lá uma tribo de guaranis pacíficos e hospitaleiros. Um dos hábitos destes indígenas lhe despertou muita curiosidade. Tratava-se do uso generalizado de uma bebida feita de folhas picotadas, tomadas dentro de um porongo, por intermédio de um canudo de taquara. Ao indagar sobre a origem daquela bebida, respondeu os índios tratar-se da "caá-i", um hábito que teria sido inicialmente de uso exclusivo dos pajés em suas práticas de magia, mas que foi estendido aos outros guerreiros, em virtude de seus diversos benefícios.
E, mesmo depois do término das guerras, o seu uso continuou, pois seus efeitos estimulantes fortaleciam tanto o corpo quanto a alma.
"Caá" era o nome da ervateira e a "caá-i" era bebida do mate. Esta bebida nativa foi um estrondoso sucesso entre os soldados de Irala. E, quando retornaram a Assunção, levaram um carregamento da erva para apresentá-la aos amigos.
E, mesmo depois do término das guerras, o seu uso continuou, pois seus efeitos estimulantes fortaleciam tanto o corpo quanto a alma.
"Caá" era o nome da ervateira e a "caá-i" era bebida do mate. Esta bebida nativa foi um estrondoso sucesso entre os soldados de Irala. E, quando retornaram a Assunção, levaram um carregamento da erva para apresentá-la aos amigos.
Esta bebida impressionou tanto os espanhóis por sua natureza curativa e revitalizante, que despertou o interesse dos comerciantes de Assunção que visavam antes de tudo, o lucro financeiro. Foi uma correria doida até os ervais e em pouco tempo, a cidade duplicou de tamanho e sua população de riqueza. Entretanto, tal consumo foi condenado pela Igreja Católica, em plena Inquisição, em função dos índios lhe atribuírem poderes mágicos que apontavam sua origem à deuses pagãos. Mas tal proibição, acompanhada de multas, prisão e queima da erva, não impediu que o hábito se disseminasse.
Nos dias de hoje se sabe, entretanto, se sabe dos benefícios da erva-mate, inclusive para combate ao colesterol. Pesquisadores do Instituto Pasteur e da Sociedade Científica de Paris fizeram um estudo sobre a planta e concluíram que o Mate contém praticamente todas as vitaminas necessárias para sustentar a vida.
Segundo os pesquisadores não existe no mundo outra planta que se iguale à Erva-Mate em suas propriedades e seu valor nutricional.
Mas voltando ao tema Carijo. O que é um Carijo? (Não confundir com Carijó)
Carijo, rusticamente falando, é uma armação, geralmente de varas, onde se coloca as folhas verdes da erva-mate para serem crestadas (secadas). É uma espécie de girau em forma de grade, feito de madeira descascada com amarrações de cipó aonde se colocam os fardos das folhas da erva-mate para secar com o calor do fogo que é ateado embaixo. Carijada é o nome que se dá a esta forma artesanal e rudimentar de produção de erva-mate.
Durante este processo que pode levar longos dias, para aproveitamento do fogo e a temperatura ideal, as pessoas "rondavam" o carijó, cantando, dançando e tomando muito chimarrão. Daí, originou-se o nome do festival de Palmeira das Missões, cidade produtora da erva-mate, que termina mais uma edição neste domingo, dia 03 de junho.