Por: Gabriel Jacobsen / Jornal ZH
O deputado estadual
Gilberto Capoani (MDB) protocolou um projeto de lei que, se for aprovado pela
Assembleia Legislativa, fará com que a erva-mate e seus derivados sejam
incluídos no cardápio da merenda escolar dos estudantes gaúchos. Na proposta, o
deputado argumenta que o consumo da erva “traz muitos benefícios para a saúde,
dentre os quais ajuda na saúde cardiovascular, evitando que o colesterol e a
gordura se acumulem nas artérias”, acrescentando que “este é um aspecto
sumamente importante do consumo desta tradicional bebida”.
Em entrevista à
GaúchaZH, o deputado acrescentou o elemento econômico aos argumentos.
— Em primeiro lugar, o
consumo da erva-mate estimula esse setor produtivo tão importante da nossa
economia. Quanto maior o consumo, melhor para a economia. Outra, está
cientificamente comprovado que consumir erva-mate faz bem para a saúde.
Estimula a circulação, o cérebro, e estamos apresentando alternativas de consumo
— explica Capoani.
Caso se torne lei,
caberá à Secretaria de Educação do Estado aplicar a medida. As escolas
estaduais gaúchas atendem crianças a partir de seis anos, além de adolescentes
e adultos.
O pediatra e nutrólogo
José Vicente Noronha Spolidoro avalia que a proposta do deputado tem caráter
ideológico e cultural. Para o médico, não há relevância em termos nutricionais.
— Não acho que tenha
algo de ruim nisso. Eu entendo que é uma demanda ideológica e cultural, que eu
não tenho nada contra, mas do ponto de vista científico e nutricional, acho que
temos outras demandas prioritárias em termos de merenda escolar, especialmente
trabalhando a redução da oferta calórica e de produtos processados. Esse é o
grande problema, é o estímulo à obesidade. Se vai fazer alguma diferença a
erva-mate, acho que não — avalia Spolidoro, que também integra a diretoria da
Sociedade de Pediatria do Estado e o corpo docente da Escola de Medicina da
PUCRS.
Já a nutricionista
Lisete Griebeler Souza, mestre em Saúde da Criança e do Adolescente pela UFRGS,
é favorável ao projeto. Ela explica que a erva-mate, considerada um alimento
funcional, pode ser benéfica no ambiente escolar.
— Primeiro porque tem
ação estimulante, por causa da cafeína, que faz bem, estimula a concentração,
se não for consumida em excesso. E também porque tem características
antioxidantes, que é algo com que devemos nos preocupar desde cedo — aponta
Lisete, da Associação Gaúcha de Nutrição (Agan).
Os especialistas chamam
atenção, porém, para a forma de consumo da erva-mate. Bebidas consumidas a
temperaturas superiores a 65ºC, como o chimarrão, podem contribuir para o
desenvolvimento de câncer de esôfago. A nutricionista sugere que o consumo de
erva-mate seja feito na forma de chás, bolo e até gelatina.
*Colaborou Guilherme
Justino