Porca Véia se prepara
para pendurar a gaita.
Foto: André Feltes /
Agencia RBS José Augusto Barros
Um dos grandes nomes da música do Rio Grande do Sul prepara sua
despedida. Elio da Rosa Xavier, ou melhor, Porca Véia, 61 anos, cumpre
agenda até o fim do ano e pendura a gaita, em uma decisão que vem sendo
pensada há cerca de seis anos. Consagrado com sucessos como Pelo-Duro e
Bombachudo e intérprete de primeira de clássicos como Cantiga de Ronda,
de Telmo de Lima Freitas, o músico abandona o palco com sentimento de
dever cumprido para se dedicar ao "descompromisso".
Com 19 CDs, dois DVDs, dois discos de ouro e mais de três mil shows na bagagem, Porca explica por que decidiu se aposentar.
Pergunta – O que o levou a anunciar o fim da carreira?
Porca Véia – Acho que tudo tem um prazo de validade. Toquei 33
anos numa felicidade completa. Mas chega uma hora em que dá vontade de
parar. Há muitos anos, viajo na quinta-feira e só volto na segunda.
Tenho só dois dias para cuidar da casa, do meu ônibus, de 15
funcionários, de entrevistas, compor, gravar CD. Poderia fazer shows até
os 70 anos, ganhar mais dinheiro, mas o que aproveitaria depois?
Pergunta – E os planos depois de pendurar a gaita, quais são?
Porca Véia – Fiz uma promessa de viajar uns seis meses com minha
esposa (a catarinense Claudineia, 28 anos, há cinco com o músico), no
meu motorhome. Mas, fora isso, não quero planejamento, minha vida foi
toda planejada, quero descompromisso. Quero ficar um domingo em casa, fazer uma galinhada com os amigos.
Atualmente, faço nas quartas. Amigos como o (Renato) Borghetti e o João
de Almeida (Neto) vêm aqui. E também quero poder aceitar convites para
ser padrinho de casamento, por exemplo. Sempre que me convidavam, não
podia aceitar. Não lembro o último domingo em que fiquei em casa.
Pergunta – O que muda depois de sua saída?
Porca Véia – O Grupo Cordiona (que acompanha Porca Veia) segue,
sem a minha presença. Sou o dono do grupo, sigo administrando tudo.
Estou selecionando outro gaiteiro, para atuar ao lado do Fernando
(Montenegro, parceiro do músico nas apresentações).
Pergunta – Como será a despedida?
Porca Véia – O último baile será no dia 22 de dezembro, em
Guarapuava, no Paraná. Quando soube que já tinham diversos ônibus
lotados para ir a esse baile, comecei a pensar em fazer algo por aqui,
já que o local dessa apresentação comporta cerca de 500 pessoas. Então, a
princípio, farei um show de despedida no Rio Grande do Sul, em um lugar
maior, no dia 28 de dezembro. E ainda gravarei um novo CD, talvez um
DVD.
Pergunta – Como vem recebendo a repercussão desta notícia?
Porca Véia – Nas redes sociais, muitos lamentaram, mas entenderam
meus motivos. Fiquei surpreso com proporção que a coisa tomou, não
tinha me dado conta de que tinha feito tanta coisa boa (risos).
Pergunta – E o balanço de mais de três décadas de carreira?
Porca Véia – Positivo! Passei a vida inteira peleando para mostrar a beleza da simplicidade na música.