Não sei se é pelo regime obrigatório que estou fazendo (a coisa está osca para o meu lado), mas ando meio desacorçoado, amolado, com as juntas travadas, sem vontade de bater perna por aí e passo meus domingos caseriando.
Teria que ir até a zona sul da capital dar uma olhada no meu mouro velho, que já vai fazer dois anos que não o encilho mais devido a sua cirurgia e ao posterior aguamento que quase o matou. Teria que subir a serra para os lados de São Chico para providenciar umas telhas para meu galpão que, me falaram, anda goteriando depois dos temporais. Teria que me enfiar na melhor bombacha e prestigiar a domingueira dos meus amigos do CTG Sinuelo da Amizade e, por lá, prosear com o Jeândro Garcia e o Rogério Bastos. Teria que... Mas que nada, fico plantado igual a um dois de paus.
Dei uma mão para o Jairo Reis no programa Do Litoral a Fronteira, na Band, hoje pela manhã e garrei o rumo das casa, com diz o gaúcho.
Mas eu vos pergunto (e no bom sentido): - Tem coisa melhor?
As "gurias" (cadelas) não se desgrudam de mim. De um lado a Alemoa (Nina), do outro a Preta (Mel). Aliás, a Nina é aquela com problemas nas pernas que meus filhos acharam a beira da estrada lá perto de Laguna, em fevereiro passado, recolheram e, agora, é mais uma da família. Depois de algumas fisioterapias, a danada anda voando por ai...
A assim vai... Todos na volta. A patroa, as crias, nora, genro, sogra, cunhada, o José Asmuz (ex-presidente do Inter) que vem almoçar comigo, a Giselda (comadre), a Dani (afilhada). O aconchego de nossa gente, de nossos amigos, não tem quem pague.
Agora, vou espetar aquele pernil de ovelha, que larguei na salmoura hoje de madrugada.
E ainda me sobra tempo para reler um livro (Porongos, Fatos e Fábulas), de Cesar Pires Machado e ainda começar uma letra, em protesto contra o ostracismo, o esquecimento, por parte da maioria dos músicos, do ritmo bugio.
MINHA GAITA TOCA BUGIO
Eu trago comigo antigos floreios
dos velhos gaiteiros tocando em budega
ali onde os tauras afrouxam os arreios
prum jogo de tava depois da refrega.
Terrunho é o meu canto, tem réstias de tempo,
tem vento dos Andes soprando o calor,
um tosco por fora, um sábio por dentro,
por isto meu verso jamais perde a cor.
Se tudo mudou no trote dos anos,
se o tranco campeiro aos poucos sumiu
por ser da linhagem do povo serrano
mi’a gaita teimosa ainda toca bugiu.