RETRATO DA SEMANA

RETRATO DA SEMANA
Aldo Chiappe

sexta-feira, 12 de julho de 2013

OITENTA E SEIS ANOS DE DEDICAÇÃO


A CULTURA DO RIO GRANDE DO SUL


Há exatamente oitenta e seis anos atrás, nascia lá onde o Rio Grande termina (ou começa), na fronteira que não faz fronteira, Santana do Livramento, àquele que, para mim, ao lado do escritor pelotense João Simões Lopes Neto, é a figura mais importante da cultura gauchesca, João Carlos D'Avila Paixão Côrtes.  

Não vou aqui cair no lugar comum e passar a relatar dos feitos importantes de Paixão Côrtes pois é sabido de todos o seu pioneirismo e que foi o precursor de todo esse movimento de tradição que hoje vemos por aí, espalhado pelo mundo inteiro. Paixão é o maior responsável pelo Rio Grande ultrapassar as fronteiras do Rio Mampituba, culturalmente falando. Antes deste que é considerado o maior folclorista de nossa terra, o gaúcho do interior chegava na "estação" rodoviária da capital, ía no banheiro e trocava as bombachas por uma calça lisa pois sua vestimenta interiorana era motivo de chacotas pelas ruas de Porto Alegre. Hoje, a gurizada mateia nos parques, vai a shoppings, eventos culturais, orgulhosos de suas bombachas. Isto já diz tudo. 

Mas o mais interessante (e nunca vi ninguém escrever a respeito) é que o Paixão é uma figura notória (certa feita fomos a Cascavel, PR, nos apresentar em uma Loja Maçônica e constatei de perto sua popularidade mesmo fora do Estado) sem saber tocar um instrumento, ou seja, não é músico, já gravou vários discos mas não é um bom intérprete, não é ator, não é compositor, não é poeta (embora seja um dos dois fundadores da Estância da Poesia Crioula ainda vivos), e os mais destacados dentre estas artes que acabei de citar não atingem o nível carismático de Paixão Côrtes. Isto se deve, meus amigos, a sua dedicação à pesquisa sobre a cultura de nossa terra, à documentação histórica, aos registros fidedígnos daquilo que colocou em seus livros, ao seu devotamento à arte crioula, principalmente no que tange a danças. E, pasmem os senhores, Paixão Côrtes, que tudo fez pelo resgate e divulgação de nossa tradição, que deveria ter uma estátua erguida em sua homenagem em frente ao MTG, hoje é uma figura pouco lembrada dentro do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Mas o Rio Grande gaudério te idolatra, índio velho. 

Parabéns, saúde, felicidades e obrigado por tudo.