Não sigo a décima de que “se conselho fosse bom a gente não
dava, vendia”. Penso que o repasse de
informações, verdadeiras, corretas, por gente que tem mais experiência, é o
alicerce do amanhã.
Como vocês sabem sou, novamente, avaliador do festival Ronco
do Bugio, em sua 22ª edição. Como fui escolhido pela organização como presidente
do júri, vou repassar a TODOS os concorrentes algumas informações sobre este
evento genuíno e que talvez sejam importantes aos que vão mandar seus
trabalhos.
EM RELAÇÃO À MÚSICA: Observar, com muita atenção, que o
ritmo tem quer ser BUGIO pois é muito fácil, e acontece seguidamente, dos
músicos mandarem VANEIRAS. Quando me referi que este festival é genuíno, foi
exatamente por isso, ou seja, a música, o ritmo, TEM QUE SER BUGIO, o único gênero
musical forjado no Rio Grande do Sul e onde encontra, no município de São
Francisco de Paula, um dos maiores preservadores e divulgadores deste compasso.
O filho de São “Chico” Honeyde Bertussi que, juntamente com seu
irmão Adelar Bertussi gravou o primeiro
bugio (Casamento da Doralice), defendia que a característica marcante do bugio é
o jogo-de-fole na gaita. Contudo, outro grande gaiteiro, também serrano, Albino
Manique, toca bugio sem fazer o jogo-de-fole. Então, digamos que isto não seja fundamental,
até porque quem se utiliza de gaita botoneira (gaita-de-botão / gaita ponto)
não pode fazer jogo-de-fole, pois abre num tom e fecha em outro. No 7º Ronco do
Bugio, quem venceu foi Antoninho Duarte com o Bugio de Antigamente, sem letra e...
sem gaita. Mas TEM QUE SER BUGIO!
EM RELAÇÃO À LETRA: Aqui acontece algo engraçado. Como o
ritmo obrigatoriamente é bugio, os autores se confundem e acabam remetendo
trabalhos falando do bicho, do primata, do macaco e acaba ficando meio
repetitivo. O TEMA É LIVRE. Inclusive, na 2ª edição do festival, o primeiro
lugar coube a Bugio do Adeus, de Apparício Silva Rillo e Elton Saldanha, um
bugio romântico. Isto quer dizer que a
letra não precisa ser, necessariamente, abagualada. O ideal é a perfeita
harmonia entre letra e música, com mensagem de fácil entendimento. Mas, como diz
Glênio Fagundes “o difícil é fazer o simples”, desejamos sucesso a todos... e
não percam o prazo de inscrições.