CANTAR DE LAMENTO DO VELHO GAITEIRO
(Léo Ribeiro de Souza)
Da minha cordeona que aos poucos se fecha
ganhei esta mecha de branco nas crinas
e antes que a gaita se vá pro estojo
eu sugo o apojo de um som que termina.
Comparo meu corpo com a gaita cansada
por léguas d’estrada, noitadas sem fim,
pois trago nas veias gaitaços malevas
e a gaita carrega pedaços de mim.
Levo no meu canto de pura linhagem
terrunhas mensagens de guerra e de amor
abrindo este foles, mesmo na velhice,
é como se abrisse no campo uma flor.
Fragmentos do Poema de: Léo Ribeiro
Imagem: Grande Gaiteiro Santanense Nelson Cardoso