RETRATO DA SEMANA

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Preparativos para o casório

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

MORENO, O ÚLTIMO CANGACEIRO

Durvinha e Moreno

Sempre senti um certo fascínio por certos heróis (ou vilões) da história brasileira. Entre estes incluo nosso gaúcho Cavaleiro da Esperança, Luiz Carlos Prestes, que desbravou com sua coluna e seus intentos estes rincões brasileiros, o Antônio Conselheiro da legendária Canudos e o José Virgulino da Silva, o Lampião, que, em épicos tempos da década de 30, atormentou a população e as volantes do sertão nordestino até ser morto em Angico, município de Pouso Redondo, (SE) na madrugada de 28 de julho de 1938, ao lado de 11 companheiros incluindo sua parceira Maria Bonita.

Já li quase todos os livros e vi todos os filmes a respeito e fico imaginando como seria o dia-a-dia da vida destes personagens brasileiros.

Pois na tarde desta segunda feira, dia 06, morreu o último cangaceiro do bando de Lampião e Maria Bonita. José Antônio Souto, 100 anos, faleceu em Belo Horizonte, onde morava com a família. Moreno, como era conhecido no cangaço, entrou para o bando a convite de Virgulino, depois de ser barbeiro, caseiro e três vezes rejeitado pela polícia. O corpo de Moreno foi enterrado na manhã desta terça-feira no cemitério da Saudade, na capital mineira.

Ele vivia em Minas Gerais há 70 anos e segundo familiares veio para o Estado procurar tranqüilidade para viver com a mulher, Jovina Maria da Conceição, conhecida com Durvinha. Contou que havia deixado o cangaço após os pais, amigos e um padre pedirem para eles abandonarem a vida cheia de riscos. Além disso, segundo a família, Durvinha tinha medo de ser degolada.

Segundo Nely Maria da Conceição, 60 anos, filha do casal, o pai já pedia para morrer há mais de dois anos, sempre chamando pela mãe. Depois da morte de mamãe em 2008 meu pai entrou em depressão e sempre falava assim "Mãezinha vem em me buscar. Já vi tudo que tinha pra ver. Quero encontrar Durvinha”.

Nely ainda conta que o fato de tanto Moreno quanto Durvinha serem enterrados em túmulos era considerado uma benção pelo pai. "Ele nos contava que no cangaço decapitavam os cangaceiros, mostravam a cabeça para o público e deixavam os corpos perdidos. Para meu pai, ser enterrado em um cemitério era uma coisa muito boa, uma benção. Por isso resolvemos fazer o que ele pediu: soltar foguetes no momento do sepultamento" afirmou.